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Abordagem teológica aos 7 pecados capitais e as escolas cívico-militares

Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –

A seguinte análise busca aplicar a lente teológica ao tema contemporâneo e controverso da implantação das escolas cívico-militares. É importante ressaltar que a Teologia, como qualquer disciplina, possui diversas interpretações e abordagens. Esta análise baseia-se na perspectiva cristã tradicional e não pretende ser exaustiva ou definitiva.

Ao propormos a análise teológica das escolas cívico-militares sob a ótica dos sete pecados capitais, buscamos identificar possíveis desvios éticos e morais que podem estar intrínsecos a essa proposta, a partir de uma perspectiva milenar e universal.

  1. Soberba: a instituição militar, pela própria natureza, hierárquica e disciplinar, pode fomentar um sentimento de superioridade em relação a outros segmentos da sociedade. A implantação de escolas cívico-militares, ao militarizar o ambiente escolar, poderá exacerbar essa tendência, cultivando nos jovens o senso de elitismo e desprezo por aqueles que não se enquadram nesses padrões;
  2. Avareza: a militarização da educação pode ser vista como uma forma de mercantilização do conhecimento, onde a disciplina e a ordem são valorizadas acima da criatividade e da autonomia. A busca por resultados imediatos e mensuráveis, característica de ambientes militares, pode levar a uma visão utilitarista da educação, priorizando a formação de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho, em detrimento da formação integral do indivíduo;
  3. Inveja: a competição exacerbada, inerente aos ambientes militares, pode gerar um clima de rivalidade e inveja entre os alunos. A busca constante por reconhecimento e por superar os demais pode levar a comportamentos antiéticos e à formação de um caráter egocêntrico;
  4. Ira: a disciplina rígida e as punições severas, características das instituições militares, podem gerar nos alunos um sentimento de frustração e ressentimento, que pode se manifestar em atos de violência e agressão. A militarização da educação pode, portanto, contribuir à criação do ambiente hostil e violento, em contradição com os valores cristãos de amor ao próximo e de paz;
  5. Gula: a busca desenfreada por poder e por reconhecimento, característica de ambientes militares, pode levar à distorção dos valores humanos, levando os indivíduos a se entregarem a práticas corruptas e imorais. A militarização da educação pode, portanto, contribuir à formação de uma elite corrupta e autoritária;
  6. Luxúria: a ênfase na ordem e na disciplina, característica das instituições militares, pode levar à repressão dos desejos e das emoções, o que pode gerar frustração e angústia nos alunos. A militarização da educação pode, assim, contribuir à formação de indivíduos reprimidos e infelizes;
  7. Preguiça: a militarização da educação pode levar a uma alienação dos alunos em relação aos problemas sociais e políticos, incentivando a passividade e a conformidade. A formação de cidadãos críticos e engajados, capazes de transformar a sociedade, é fundamental à construção do mundo mais justo e igualitário.

Conclusão

A análise teológica das escolas cívico-militares sob a ótica dos sete pecados capitais revela uma série de desafios éticos e morais que podem comprometer a formação integral dos alunos. A militarização da educação, ao enfatizar a disciplina, a hierarquia e a competição, pode gerar o ambiente hostil e violento, em contradição com os valores cristãos de amor, justiça e paz. É fundamental que a sociedade reflita sobre os impactos da militarização da educação e busque alternativas que promovam a educação de qualidade, inclusiva e humanizadora.

(*)Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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