Tony Goes – 12/02/2012
Fiquei sabendo da morte de Whitney Houston pelas redes sociais. Um amigo tinha visto a notícia no site “TMZ”, o mesmo que publicou em primeira mão a morte de Michael Jackson.
Mas será que era verdade? Ainda não havia nada no UOL nem em outros grandes portais. Aí resolvi “googlar” “Whitney Houston dead”, e surgiu um link que me fez suspirar aliviado.
Uma assessora da cantora desmentia os boatos. “Acabei de falar com ela. Whitney está em sua casa em Nova Jersey e não entende porque ficam inventando essas coisas horríveis, justo agora que ela está bem”. Ufa. Ainda bem. Aí fui conferir a data da notícia: 13 de setembro do ano passado.
Assim como a morte de Amy Winehouse, a de Whitney Houston foi um choque –mas não foi uma surpresa. Há mais de dez anos que sabíamos que ela tinha problemas com drogas, álcool e remédios. E, assim como Amy, parecia que Whitney tinha tomado tento na vida.
Mas, ao contrário de sua colega inglesa, Whitney Houston não começou a carreira posando de “bad girl”. Quando surgiu em 1985, ela era a anti-Madonna, que havia acabado de estourar no mundo inteiro com suas músicas insinuantes e seus crucifixos. Whitney, por outro lado, era bem comportada e bem arrumada, o protótipo da boa moça de família.
E que família, hein? Sua mãe Cissy foi uma grande cantora de gospel, e uma de suas tias era Dionne Warwick; sua madrinha era ninguém menos que Aretha Franklin. Abençoada pela genética com voz e beleza, Whitney parecia destinada à glória.
Durante alguns anos ela foi a cantora que mais vendia discos no planeta, geralmente baladonas com letras que falavam em autoestima e confiança em si mesma. Whitney foi, de certa forma, a garota-símbolo da nova classe média negra americana, que estava melhorando de vida e em breve teria força até para eleger um presidente.
Mas, de uns anos para cá. tudo começou a degringolar: o tumultuado casamento com Bobby Brown, as prisões em aeroportos com maconha e cocaína, os deslizes profissionais. Em 2000, ela estava escalada para cantar na cerimônia de entrega do Oscar. Mas faltou tantas vezes aos ensaios que Burt Bacharach, diretor musical do evento, a “despediu”. Um vexame.
Whitney ficou sete anos sem gravar, até que ressurgiu em 2009 com o disco “I Look to You”. Estava “limpa”, cheia de si, aparentemente recuperada. O álbum continha uma faixa chamada “I Didn’t Know My Own Strength” (eu não conhecia minha própria força) e vendeu muito bem. Seguiram-se uma turnê internacional e aparições na TV. A clássica volta por cima.
Escrevo este texto quando ainda não se sabe a causa da morte de Whitney Houston: só que ela foi encontrada morta na banheira de sua suíte num hotel em Beverly Hills. Mas já existem relatos de suas aparições na semana passada em que não parecia estar bem. Vamos aguardar.
Nunca fui fã de Whitney Houston, mas sua morte me deixou triste. Também é horrível a sensação de que já passamos por isto antes: Amy Winehouse, Michael Jackson, Cássia Eller, Elis Regina Pior ainda é não ficar surpreso. O mundo é cruel, mas a gente se acostuma.
Tony Goes tem 50 anos. Nasceu no Rio de Janeiro mas vive em São Paulo desde pequeno. É publicitário em período integral e blogueiro, roteirista e colunista nas horas vagas. Escreveu para vários programas de TV e alguns longas-metragens, e assina a coluna “Pergunte ao Amigo Gay” na revista “Women’s Health”. Colaborador frequente da revista “Junior” e da Folha Ilustrada, foi um dos colunistas a comentar o “Big Brother 11” na Folha.com.
Fonte: Folha de Dourados