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‘Tem crimes de sobra’, diz ex-secretário de Direitos Humanos que assina manifesto contra Bolsonaro

Para Rogerio Sotilli, que assina manifesto com 11 ex-ministros de Direitos Humanos, destruição promovida por Bolsonaro é fruto da impunidade a crimes cometidos durante a Ditadura, a escravidão e no genocídio indígena. “Quem faz apologia à morte é compensado”

Em defesa dos Direitos Humanos e do Estado Democrático de Direito, onze ex-secretários de Direitos Humanos que ocuparam o posto desde a redemocratização participam de um manifesto contra o desmonte promovido por Jair Bolsonaro (Sem partido) desde que chegou ao Planalto e minimizou o tema colocando nas mãos de Damares Alvez no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Para Rogério Sottili, ex-Secretário de Direitos Humanos do governo Dilma Rousseff (PT) e atual diretor do Instituto Vladimir Herzog, a defesa dos direitos humanos e do Estado Democrático de Direito uniu os “filhos” da democracia, “independentemente da coloração ideológica e política”, no ato.

“Todas aquelas conquistas importantes feitas a partir da redemocratização do país estão sendo destruídas”, disse Sottili à Fórum.

Com exceção de Flávia Piovesan, que atuou no governo golpista de Michel Temer, todos os ex-secretários e ministros da pasta participam do movimento, que nasceu a partir de uma iniciativa do Instituto de Estudos Avançados da USP. As secretarias tinham status de ministério, quando não foram transformadas em ministérios, como no governo Lula.

O ato uniu José Gregori (1997-2000), Gilberto Vergne Saboia (2000-2001), Paulo Sérgio Pinheiro (2001-2003), Nilmário Miranda (2003-2005), Mário Mamede Filho (2005-2006), Paulo de Tarso Vannuchi (2006-2011), Maria do Rosário (2011-2014), Ideli Salvatti (2014-2015),
Pepe Vargas(2015-2015), Nilma Lino Gomes (2015-2016) e Rogério Sottili (2015-2016).

“Dada a importância de todos, veio a ideia de construir um grande manifesto em defesa da democracia e dos direitos humanos”, diz Sotilli.

Para ele, os “crimes de sobra” cometidos por Bolsonaro têm raiz na omissão do Brasil em feridas históricas de violência contra o próprio povo brasileiro.

“Tudo isso acontece com o atual governo porque o Brasil nunca responsabilizou criminalmente todos os responsáveis por crime de lesa-humanidade cometidos pela Ditadura Militar, cometidos durante o período de escravidão e pelo genocídio indígena”, afirma.

Leia a entrevista completa

Fórum: O que motivou essa união de ex-ministros de correntes diversas no projeto?

Rogério Sottili: Todas aquelas conquistas importantes feitas a partir da redemocratização do país estão sendo destruídas. O que motivou essa união é que nós não podemos tolerar a destruição da democracia e do Estado Democrático de Direito e muito menos ameaçar os valores dos direitos humanos. Por isso, independentemente da coloração ideológica e política, esses ministros que têm compromisso com a democracia porque são filhos da democracia se reúnem para lançar esse manifesto dizendo que não podemos tolerar retrocessos. O que nos une é a defesa da democracia e dos direitos humanos.

Fórum: Como vai funcionar?

Rogério Sottili: É importante deixar claro que esse é um evento lançado pelo Instituto de Estudos Avançados da USP. É um encontro acadêmico que eles tiveram de reunir todos esses ministros da Democracia e todos concordaram em participar. E dada a importância de todos, veio a ideia de construir um grande manifesto em defesa da democracia e dos direitos humanos.

Fórum: Quais as maiores ameaças que Bolsonaro representa para os Direitos Humanos?

Rogério Sottili: É a destruição da democracia, o desrespeito ao Estado Democrático de Direito. Uma ameaça total ás liberdades, seja liberdade de imprensa, e a criminalização dos movimentos sociais, organizados, políticos e assim por diante. Esse governo já cometeu todos os crimes contra os direitos humanos e a democracia que alguém já pudesse ter cometido. Nunca se teve tantos argumentos de crime de responsabilidade, de crimes contra a Constituição, de crimes e desrespeito ao Estado Democrático de Direito. De crimes de desvio de função pública, seja do ponto de vista financeiro, social ou político. Enfim, tem crimes de sobra. Quando uma pessoa faz tudo isso e não acontece nada, você está sinalizando que tudo pode. A Prevent Sênior pode roubar, mentir, que não vai acontecer nada com ela. E é bom lembrar que tudo isso acontece com o atual governo porque o Brasil nunca responsabilizou criminalmente todos os responsáveis por crime de lesa-humanidade cometidos pela Ditadura Militar, cometidos durante o período de escravidão e pelo genocídio indígena. Pelo contrário, essas pessoas foram homenageadas com nomes de escolas, de ruas, de rodovias. E essa é uma sinalização de quem promove a violência é recompensado, que promove a corrupção é compensado, quem faz discurso de apologia à morte, a armas e violência é compensado. Mas, nós temos que transformar esse momento em uma oportunidade do que não fizemos ainda, para que a democracia volte a respirar novamente.

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