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Toninho Rossati, cuteleiro por acidente

Ilson Boca Venâncio –

Conheci a família e o Toninho Rossati quando eles moravam na linha do Barreirinho, na Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND), no tempo em que eu era menino.  O seu pai, senhor João Rossati, exercia a função de delegado de linha, autoridade responsável por determinado trecho na colônia, cargo nomeado pelo administrador da CAND.   

Sempre que eu passava de carroça com meu pai ele comentava comigo, algo sobre esse assunto: “Essa é casa do delegado”, entre outras falas

Em conversa com Toninho, ele me disse que nasceu e foi criado na roça, no tempo que tudo era feito manualmente – as ferramentas de trabalho eram enxada, foice, machado, arado era tração animal e que com o passar do tempo, muita coisa foi mudando.

Depois ele veio morar na cidade, comprou um caminhão e fez dele o seu novo trabalho. Seguiu fazendo transportes até que um dia foi trabalhar transportando frango vivo para abate no frigorífico da antiga cooperativa COAGRI.

Tudo seguia bem até que certo dia sofreu um acidente vindo a cair do caminhão, sofrendo uma lesão na coluna.

Doente, com a previsão médica de que poderia ficar sem voltar a caminhar, coisa que felizmente não aconteceu, mas o deixou em casa por longo período.

Em casa ocioso, enquanto se recuperava pediu para os seus familiares, que lhe comprassem algumas ferramentas. Com elas fez a sua primeira faca. Conta que de tão feia que ficou tem ela até hoje, porque nunca ninguém quis lhe comprar.

Daí em diante foi se aperfeiçoando e criando diversos modelos de facas, para diversos fins. Inovou até na criação de um serrote. Mesmo sem ter amolador de serrote insistiu na confecção, pois toda vez que tinha que amolar o seu de uso particular tinha que pagar para alguém. Insistiu e deu certo.  Assim hoje ele faz diversos tipos de serras para várias atividades, tanto para madeira seca, como para podas.

Toninho Rossati, cuteleiro por acidente

Ele vende na banca, na nossa Feira Livre, há mais de quinze anos, pretendendo ficar nessa profissão por muito tempo, profissão que ele adquiriu por acidente.

Eu que o conheço desde os tempos em que eu era menino, e que tenho em minha casa um serrotinho de podas, que adquiri dele na feira algum tempo atrás, só tenho que agradecer a esse amigo do “Barreirinho das Moças,” por essa sincera conversa que me resultou em mais uma história da nossa Feira Livre.  

Toninho Rossati, cuteleiro por acidente

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