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Relações etnico-raciais: diretrizes ignoradas pela gestão de Alan Guedes

Mariana Rocha –

Causou revolta e indignação ver as capas dos cadernos da Rede Municipal de Ensino de Dourados (REME), estampadas com fotos de crianças não-indígenas “fantasiadas” de crianças indígenas. No mesmo ano em que a lei Lei 10.639/03 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” completa 20 anos, a gestão de Alan Guedes, através da Secretaria de Educação, comete um erro grosseiro, vergonhoso e muito grave!

No Brasil, a expressão educação para relações étnico-raciais diz respeito a um compromisso que a educação brasileira construiu através da luta de movimentos sociais, protagonizados pelo movimento negro e movimento indígena. As relações raciais estabelecidas em nosso país vão para além das diferenças na cor da pele e traços fenotípicos, carregam consigo um sem fim de estereótipos que foram sedimentados pelo processo colonial.

A cultura indígena não é fantasia! Crianças indígenas existem e estão por toda a parte em Dourados, cidade com o maior aglomerado indigena em contexto urbano de todo o país. No município, existem escolas municipais para crianças e jovens indígenas, mas a inconsequente gestão municipal decidiu que “fingir” diversidade poderia ser algo positivo para a imagem da REME.

Um erro com consequências muito graves, como é que uma criança indigena se sente ao ver crianças não-indígenas, brancas, “fantasiando” sua cultura no caderno escolar? Para alcançar ainda mais o nível absurdo, sugiro um exercício de reflexão: imagine uma foto com muitas crianças brancas, com suas peles pintadas (black face) para “homenagear” a população negra. Um absurdo, isso mesmo.

Se apropriar de elementos de outra cultura para se “fantasiar” esvazia todos os significados e a identidade que os mesmos carregam, uma afronta, um desrespeito. A educação de Dourados que deveria seguir as diretrizes da educação para as relações etnico-raciais, na verdade, optou por ignorar e ainda “debochar” da cultura e das crianças indígenas do município.

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