José Henrique Marques –
A prestação de contas do primeiro trimestre de 2023 da Fundação de Serviços de Saúde de Dourados (Funsaud) não deixa dúvida: o que já é péssimo pode piorar quanto aos serviços de saúde pública oferecidos para 800 mil pessoas de 33 municípios da região da Grande Dourados.
O relatório (leia, abaixo) revela que, apesar dos aportes extraordinários do Governo do Estado, a dívida patrimonial é progressiva e hoje encontra-se em R$ 77 milhões, com déficit mensal de R$ 4 milhões. Se nada for feito, passará da casa dos R$ 100 milhões até o final deste ano.
Em 2023, o custo mensal da Funsaud teve acréscimo de 22,5%, e nos dias atuais a instituição precisa de 10,5 milhões por mês e recebe 6,5 milhões/mês.
A situação é desesperadora. No final do mês passado, a Prefeitura repassou R$ 2 milhões adicionais à Funsaud e o caso rendeu na Câmara de Vereadores, na imprensa, nas redes sociais e aplicativos de mensagens. Veja.
A rigor, desde que foi criada, há 09 anos, na administração do prefeito Murilo Zauith, a Funsaud enfrenta problemas de toda ordem, desde déficit orçamentário à precariedade dos serviços oferecidos aos usuários do SUS. Mas, de 02 anos para cá, a situação vem piorando exponencialmente e pode ser ilustrada com a morte de um trabalhador na UPA por falta de médico, em junho de 2021 – leia aqui.
A verdade é que a Fundação se encontra em situação caótica, à beira de um colapso financeiro. Desde que o prefeito Alan Guedes (PP) assumiu a dívida não tem diminuído. Seguem os problemas relacionados aos direitos trabalhistas, dívida com fornecedores e a falta de sustentabilidade de sua gestão financeira.
Apesar da pressão do MPMS para abertura de concurso e a liberação do piso da enfermagem, a direção da Funsaud titubeia no cumprimento da recomendação, temendo acelerar, exatamente, o risco de colapso financeiro.
Aliás, é voz corrente na sociedade douradense a aparente inércia do MP de Dourados para elucidar os problemas na saúde e na educação públicas. Em recente live, a deputada Lia Nogueira (PSDB) provocou os promotores. Assista:
Nesse ínterim, os funcionários seguem com os piores salários da macro região de Dourados, com férias atrasadas e não pagas; a UPA e o Hospital da Vida com poucos médicos e superlotados para o desespero dos funcionários, enfermos e familiares.
Enquanto isso, isolado politicamente e com a administração reprovada por ampla maioria da população douradense, Alan Guedes permanece inerte e com ouvidos moucos aos fatos e à realidade.
