Redação Folha de Dourados –
O ex-vereador Humberto Teixeira Júnior, mais conhecido como Júnior Teixeira é pré-candidato a prefeito de Dourados pelo PRD (Partido da Renovação Democrática), que nasceu da fusão do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) com o Patriota. A missão, segundo ele, foi aceita a partir de convite do ex-senador Delcídio do Amaral, e será para valer, e não para negociar espaços futuros com outras candidaturas.
Com a experiência de três mandatos de vereador, presidente da Câmara de Vereadores de Dourados e da União de Câmaras de Mato Grosso do Sul, Júnior Teixeira também teve como escola, as ações e orientações do pai, o ex-prefeito Humberto Teixeira (já falecido), que entre outras marcas, criou o Programa Habitacional Canaã. Não sem razão, a questão de moradias populares é uma de suas preocupações em uma eventual administração sob o seu comando.
Nesta entrevista exclusiva à Folha de Dourados, Júnior Teixeira aponta os principais problemas que, segundo ele, Dourados enfrenta, e propõe que na próxima campanha haja intensos debates entre os candidatos, a fim de que a população possa ver, com clareza, o que pensam e como agem todos aqueles que querem governar a cidade.
Folha de Dourados – Júnior, o senhor já ocupou cargos públicos. Fale um pouco sobre sua vida pública…
Júnior Teixeira – Sou douradense de nascimento. Nunca saí daqui nem para estudar. Os filhos se formaram aqui. Hoje eu tenho uma filha que mora em Campo Grande, mas o filho mora em Dourados. Nasci em 1966, agora em outubro próximo, completo 58 anos de idade. Já ocupei o cargo de vereador por três mandatos, inclusive na gestão que comprou o prédio próprio da Câmara Municipal, fez os gabinetes (na época eram 17 vereadores), equipamos com duas salas, computador, móveis, ar-condicionado. Fui presidente da União de Câmara dos Vereadores do Estado também em 2003 e 2004. Além de ter exercido outras atividades na iniciativa privada.
Então, o senhor está sem cargo político, sem mandato, há quanto tempo?
Estou sem mandato desde 2012. Portanto, de onze para doze anos.
E o que o leva, depois desse período, à decisão de disputar um cargo de comando do Município?
Eu não me imaginava mais no comando de um processo eleitoral, partidário, estruturando partido, criando, de novo, grupos políticos. Não me imaginava, não tinha mais essa intenção. Eu sempre acompanhei o meu pai [ex-prefeito Humberto Teixeira, já falecido], que foi deputado duas vezes, foi prefeito… então a gente participou de muita coisa. Já ganhamos, já perdemos… Eu achava que tinha vivido de tudo nessa área, na parte política. Mas a gente amadurece na nossa vida. Então, eu fui convidado pelo ex-senador Delcídio do Amaral, para um novo projeto, e só nessa condição é que eu me disporia de novo a fazer isso. Um partido novo, resultado da fusão do PTB com o Patriota, que é o Partido de Renovação Democrática (PRD). E, a princípio, ele me convidou para montar o grupo aqui e disputar a eleição de vereador. Ele disse que acredita na minha eleição, e eu pedi uns dias para pensar. E eu pensei muito, conversei com a minha família, e depois de uns 30 dias, isso no ano passado, voltei e falei para ele que não queria, que ele poderia passar o partido para quem ele achasse que podia representar melhor. E ele, mesmo assim, falou que se eu ficasse, não precisava disputar a eleição, mas que eu ajudasse a montar o partido. E esse desafio eu topei.
“No PSDB, vemos uma construção muito fechada, um grupo que não conversa com o povo”
E como surgiu a pré-candidatura a prefeito?
Num cenário futuro, nós estivemos lá na casa dele [Delcídio do Amaral] conversando, junto com outras pessoas do PRD, de outros locais do Estado, e ele me pediu que eu fizesse uma leitura do cenário para prefeito em Dourados; quem eram os candidatos, como estava a situação em Dourados. E eu fiz a leitura que eu, naquele momento, achava correta. Não existia ainda a pré-candidatura do PL, da pré-candidata Gianni Nogueira, e eu fiz a leitura sobre a pré-candidatura do atual prefeito [Alan Guedes], que é uma pessoa de quem eu gosto, particularmente. É meu amigo, pessoalmente não tenho nada contra ele, gosto dele, acho ele uma boa pessoa, um bom homem, um bom pai, um bom marido. Mas, politicamente, deixou muito a desejar. Acho que a administração poderia ter sido bem melhor com as condições que ele teve. É um pouco moroso nas decisões, e tem uma rejeição um pouco alta. Isso, eu fazendo a leitura para o Delcídio. Do outro lado, desenhando a pré-candidatura do Marçal pelo PSDB. Mas a forma de construir essa candidatura, ela estava repetindo e continua repetindo as candidaturas anteriores. E a gente vê uma construção muito fechada, um grupo que não conversa com o povo. Você vê, dentro do próprio partido, divergências insuperáveis, grandes líderes do partido que não concordam com o projeto; estão engolindo, mas não concordam; uma construção fechada em gabinete que escolhe o candidato a prefeito, o candidato a vice, os vereadores que eles pretendem eleger, os partidos que eles vão cooptar, vão trazer para coligar com eles. Alguns acreditando no projeto, outros vindo “na marra” mesmo, usando poder político, poder econômico. Então, eu fiz essa leitura para o Delcídio. E o PT, com a candidatura do Tiago Botelho, cujos líderes do PT, o Zeca e o Vander, têm compromisso com o governo, com o Reinaldo, com o PSDB. Então, é uma pré-candidatura que é de uma boa pessoa também, mas não é para valer. E as três, a nível de Estado, pertencem ao mesmo grupo. As três, ao grupo do Reinaldo e da [senadora] Tereza [Cristina], que hoje domina o cenário partidário, vamos dizer assim, e têm o governo na mão. Eu não concordava, não concordo com algumas coisas. Eu sempre fui muito crítico a algumas coisas, por isso talvez esse pessoal que está no governo, no sistema, não me quer muito perto. Eles querem perto para ajudar a ganhar a eleição, mas depois, para ajudar a administrar, não. E aí, nesse cenário, ele me fez o convite para ser pré-candidato a prefeito.
“O atual prefeito é uma boa pessoa, um bom homem (…) Mas, politicamente, deixou muito a desejar”
Agora o convite já não foi mais para ser pré-candidato a vereador…
Desta vez, para prefeito. E eu até brinquei com o Delcídio. Falei: vou te dar cinco minutos para você perguntar de novo. Não vou pedir tempo para te responder, não. Porque é um cenário completamente diferente. Vereador tem que criar grupo, assume muitas responsabilidades: se ganhar, ótimo; e se perder, muita gente em volta, sofre. Prefeito é diferente. Prefeito dá para eu, nos debates, expor tudo isso que eu estou dizendo aqui, de maneira mais didática, mais clara, sem ofensa, sem ataque pessoal, mas falando a verdade para o povo entender o que acontece na política douradense e ter condições de escolher o seu prefeito com mais informações. Falar a verdade nos debates. Não tenho receio nenhum de debater com nenhuma dessas pessoas de quem eu falei aqui, em alto nível, em qualquer assunto que eu acho que tem que surgir durante o debate. O PRD é um partido novo, eu vou ter espaço na televisão, espaço no rádio, vou ter uma chapa de vereadores, graças a Deus conseguimos montar. Nós vamos eleger dois vereadores no nosso partido. E nós vamos para o debate, eu vou estar percorrendo os bairros da cidade, onde tiver uma obra do meu pai, do Humberto Teixeira, eu vou sentar. Uma obra, um amigo, uma ação social da minha mãe, quando ela foi chefe do Pró-Social. Alguma coisa dos meus três mandatos de vereador, presidente da Câmara. Eu vou sentar e conversar com os amigos que eu tenho nos quatro cantos da cidade. E vou dizer que sou pré-candidato a prefeito…
“Queremos que Dourados tenha um candidato a senador competitivo, com chance de ganhar”
Como imagina a sua campanha? Vai ser mais crítica ou mais propositiva?
Será uma candidatura leve, despreocupada, não no sentido de ganhar a eleição… quem sai candidato quer ganhar a eleição, e eu vou trabalhar para ganhar a eleição. Eu vejo um cenário dividido, eu vejo um cenário de rejeição dos dois lados em alguns aspectos, que teoricamente têm a obrigação de ganhar, e eu vou garantir uma coisa para os eleitores: não vai ter teatro nessas eleições, não vai ter jogo combinado. Os debates vão acontecer e nós vamos falar a verdade, não vamos deixar que a população seja, não vou dizer “enganada”, mas que não seja ludibriada naqueles discursos que depois não levam a nada, planos de governo mirabolantes, que depois não são cumpridos em nenhum item, nesse jogo de cena que joga o douradense um contra o outro, numa disputa fratricida, mas que qualquer um dos que estão disputando serve aos interesses de Campo Grande… Também não estou pregando uma guerra contra eles. Não se trata disso, temos que respeitar o governo constituído, nós precisamos do Governo do Estado para administrar bem, mas a nossa política partidária, eleitoral, eu acho que nós temos líderes suficientes aqui, para construir um projeto. Nós não podemos mais ir para uma disputa, na qual quem ganha sofre uma oposição sistemática de quem perdeu a ponto de atrapalhar o município. Oposição é importante para apontar as dificuldades que estão acontecendo, as coisas erradas, procurar contribuir. Uma crítica construtiva sempre é bem-vinda, mas aqui a gente não vê isso. Aqui a gente vê uma luta para o prefeito ir mal, para depois se ascender ao poder. Aí acontece isso: quem saiu faz a mesma coisa. E Dourados fica para trás sempre. Nós vamos debater com muita clareza, vamos colocar com sinceridade, e a população vai ter mais informações e mais opções para decidir o que ela acha melhor da cidade.
“Eu não tenho uma cara dentro de casa, e outra, na política”
Dourados está com dez pré-candidaturas a prefeito. Em que ponto sua pré-candidatura é diferente?
Olha, eu acho que um ponto que nós podemos citar, é a questão de eu ter muita experiência e não estar comprometido com o sistema em nível nenhum. Isso é um ponto favorável. Eu estou enxergando, eu fiquei 12 anos fora, enxerguei muita coisa que eu não enxergava quando estava dentro. E aí eu consigo ter algumas ideias, algumas visões, sem briga, sem nada pessoal, mas eu consigo com mais nitidez enxergar como está andando, o que está acontecendo com a política. Porque não adianta nós querermos fazer governo só técnico. Nós temos que ter técnicos na Prefeitura, mas nós temos que ter a parte política caminhando junto. Eu sou razoavelmente novo, tenho 57 anos de idade para um cargo de prefeito, já tenho três mandatos de vereador, fui presidente da Câmara com 33 anos de idade, fui presidente da União de Câmaras do Estado, tenho um bom trânsito na classe política sem estar comprometido. Além disso, o meu partido é descompromissado com qualquer sistema estabelecido, esses que eu acabei de citar, e também com o municipal. Então, acredito que em uma possível vitória – Deus é que sabe o nosso futuro e o povo é quem vai analisar e vai decidir – nós entramos em condição de chamar todas as correntes para discutir Dourados e fazer um governo de coalizão, tentar levantar Dourados, trazer de volta a época em que Dourados tinha três deputados federais, tinha cinco estaduais, tinha vários secretários estaduais… Voltar a trazer a possibilidade de Dourados ter um candidato a senador competitivo, com chance de ganhar, e não ficar só a reboque desses grupos políticos. Isso, na parte política, e na parte administrativa, também. Nós temos 13 ou 14 secretarias. Tem que diminuir. Eu acredito que nós tocamos com 6, 7 principais. É preciso criar gerências dentro delas. Porque nós não encontramos mais, com o sistema que está aí, profissionais de qualidade, dispostos a largar a iniciativa privada, onde eles ganham mais financeiramente, onde tem mais liberdade, que estejam tocando seu próprio negócio, para gerir uma secretaria pública. E muitas vezes, nós entendemos como técnicos, as pessoas que vão bem na iniciativa privada, e no poder público não conseguem ter a mesma performance, porque a sistemática é outra, completamente diferente, e isso acaba travando as coisas, ao invés de dar agilidade.
“Precisamos voltar a fazer habitação no município, que praticamente acabou”
Isso acontece em Dourados?
Nós temos dificuldade em atrair investimentos, temos dificuldade na área documental da Prefeitura, as pessoas, para conseguirem uma certidão, um alvará, têm que ficar na fila num local que não tem condição física nenhuma. A parte de Internet, a parte de TI [Tecnologia da Informação], com a dificuldade muito grande, você não consegue tirar uma certidão ou alvará online… Tem que desburocratizar, tem que diminuir a máquina. Nós precisamos dar responsabilidade ao servidor, talvez pensar num plano de produtividade, alguma coisa assim. Valorizar o servidor público. Tem muita coisa que pode ser feita. Nós temos que reativar a usina de asfalto a quente que tinha na época do ex-prefeito Braz Melo, para fazer os tapa-buracos, em alguns locais. Mas não adianta o tapa-buraco só paliativo, nós temos que fazer, e não podemos gastar muito com isso, por isso, é preciso reativar a usina. Nós precisamos pensar em uma Secretaria Rural para administrar a zona rural do nosso município, que é muito grande. Nós precisamos dar condição de escoamento, nós precisamos pensar nas crianças que têm que ir para a aula, nós temos que pensar no lazer dessas pessoas lá no próprio distrito, nós temos que ter uma Secretaria Distrital, que vai englobar a parte de estrada, a parte escolar, rural… A gente precisa centralizar em uma secretaria, tirar isso da área de serviços urbanos, da educação… lógico, tem que ser em conjunto com a educação. Mas tem muita coisa que precisa modificar. Enfim, eu acho que dá para melhorar a gestão da nossa cidade.
“Eu me inspiro muito no meu pai. Estava vendo o plano de governo dele. Após 30 anos, é possível adaptar muita coisa para a realidade atual”
Tem alguma ação, na qual você se inspira pelo trabalho que teu pai fez, nos anos 90?
Olha, eu me inspiro muito. Até, inclusive, estava vendo o plano de governo dele, na época. Aí as pessoas podem dizer assim: Ah, mas isso foi em 1996. São 30 anos praticamente. Mas você consegue adaptar muita coisa. Vou te dar o exemplo da habitação. Nós temos esse governo que está saindo agora, com três anos e meio de gestão, que não entregou nenhuma casa popular. Nenhuma. Não é que fez pouco: não fez nada. Tem 190 lotes urbanizados entregues em parceria com o governo federal. Certo? Então, como está a fila de quem precisa de casa para morar? Que tinha sido zerada na administração do meu pai, com os [conjuntos habitacionais] Canaãs. Então, uma coisa que é ponto de honra para mim, é retomar o projeto Canaã. Naquele formato? Não sei, pode ser que tenha algumas coisas que a gente tenha que adaptar para a realidade de hoje. Mas o que nós precisamos é voltar a fazer habitação no município, que praticamente acabou. Esse é um ponto. Área social: o Pró-Social, tocado pela minha mãe, Dona Vecilde; muitos vão se lembrar que na época, ela fez convênios com os bombeiros, com a Patrulha Mirim, que hoje praticamente acabou. Nós temos que retomar, a patrulha da Mirim é um órgão que ajuda muito as crianças, para começar a colocá-las no mercado de trabalho. Nós tivemos o projeto “Mitaí Verá” na época, que traduzindo para o português é “Menino que Brilha, que era um convênio com o Corpo de Bombeiros, para tirar as crianças das ruas e coloca-las para aprender um ofício, de menino bombeiro. Então, vou me inspirar, com certeza, no governo dele. O meu pai tinha um olhar muito humano para as pessoas. Tinha um olhar empreendedor. E nós estávamos falando, dos anos 93 a 96, quando não tinha emenda federal, era muito pouco, não vinha. O Projeto Canaã, mesmo, foi feito com recursos próprios. Repasse do governo federal era pouco. Nós fizemos, ele fez. A gente participou meio de fora, mas estava junto. A [Estação de] Transbordo, está a mesma, até hoje. Será que Dourados não cresceu? Já não tinha que ter mais dois ou três para melhorar o transporte das pessoas? Parque dos Ipês, teatro, não sei quantos mil metros de asfalto, muito asfalto foi feito. CAIC, Centro do Idoso “André Chamorro”, ali na Rua Cafelândia… foi construído em 1995. Depois de 29 anos, não teve mais nenhum. Será que a população da terceira idade de Dourados é a mesma de 29 anos atrás? As pessoas do outro lado da cidade, não sei quantos quilômetros que dá, têm que vir aqui para ter um local de convivência. Não era para ter feito outro? Era para ter mais duas UPA’s, pelo menos. No primeiro mandato do [ex-prefeito] Braz [Melo], os quatro postos de saúde principais abriam até 22 horas, sendo que num período funcionou até 24 horas. Hoje nós não temos, a pessoa não pode ficar doente à noite, porque só tem a UPA. Então, tem muita coisa, com certeza, que eu vou me inspirar no governo dele e principalmente, no olhar humano, no olhar para as pessoas. Não adianta termos prédios bonitos, construções bonitas, se as pessoas não estiverem em condições de usufruir com a mínima tranquilidade, com a mínima condição de vida.
“Quem vestir máscara [nos debates], nós vamos fazer tirar”
Como estão as articulações para as suas alianças, inclusive para a escolha do seu candidato a vice?
Vamos partir de um ponto em que o PSDB, como partido do governo, tem uma estrutura muito grande, a máquina do Estado. Então, é natural que a maioria dos partidos esteja em torno da candidatura do PSDB. O prefeito, eu achei que ele poderia também estar nessa forma, e pelo que eu tenho visto, têm dois partidos: É o dele [o PP] e o Solidariedade, que é o que parece que tem compromisso com ele, até agora. E nós vemos o PT, que é a Federação, PV, PCdoB e PT. E aí nós temos o PDT, que está colocado com a pré-candidatura da Bela [Barros]. Temos o NOVO, com a pré-candidatura do Racib; tem o PRD com a nossa pré-candidatura, e nós estamos, naturalmente, conversando. Acredito que o propósito de cada uma dessas candidaturas alternativas, menores, é levar o nome do partido, é levar o programa do partido, é formar grupo político. A vida não acaba em 2024, ela segue. Então, tudo é consequência das decisões que a gente toma. Porisso, eu não vejo com preocupação essa questão, agora. Nós temos 40 dias, 45 dias para o final das convenções, e claro que nós estamos conversando. Se atrairmos algum outro partido, excelente, desde que comungue com as mesmas ideias que a gente comunga, que a gente defende: liberdade, ampla e irrestrita, família, pátria. Eu sou contra ideologia de gênero, sou contra o aborto, sou contra linguagem neutra. Nós não podemos mais fazer campanha falando, em cada lugar que a gente vai, falando e defendendo uma coisa diferente da outra, para agradar quem está ouvindo. Não dá para ser mais assim. Então, se isso vai desagradar algum setor, e eu não vou ter o voto ali, paciência. Mas as pessoas vão saber quem eu sou e o que eu defendo. Eu não tenho uma cara dentro de casa, e outra, na política. Nós não podemos mais admitir esse tipo de política. É isso que eu falo que não vai ter mais, quando eu falo que não vai ter teatro. Porque quem vestir máscara, nós vamos tirar. Nós vamos fazer tirar. Eu não vejo com grande preocupação isso agora, nós não estamos discutindo essa questão de vice, claro que temos conversado com todos os partidos, porque a política se faz conversando, mas se tivermos que ir com candidatura própria e pura, nós vamos. Dentro do partido nós temos grandes nomes que podem compor, inclusive a prefeito.
“Nosso plano de governo vai contemplar a redução da máquina. Sem caça às bruxas”
Mas, nesse ponto, o seu nome já não está consolidado?
O meu nome está colocado pré-candidato a prefeito, mas o debate vai ser aberto, já está aberto dentro do PRD. Se tiver algum outro nome que tenha a mesma pretensão, que venha a colocar o nome à disposição, vai ser avaliado pelo partido, não é uma imposição. O partido precisa ter candidatura própria para adquirir identidade. Se vai ser com o meu nome, o meu nome é o que está colocado. A gente montou o partido, mas nós temos aí no PTB, principalmente, filiados de anos. O PTB é um partido histórico, com grandes famílias inteiras dentro dele. E isso é importante colocar, porque o partido está aberto, estamos abrindo a sede do Diretório e nós vamos abrir os debates para aqueles que quiserem disputar a eleição tanto de prefeito como de vereador.
“Aumentar imposto, em nosso governo? Esqueçam. Não vai existir em nenhum setor”
Como vai ser a formatação do plano de governo que o PRD vai levar às ruas?
Nós estamos já conversando. Uma coisa na qual e eu não acredito é em plano de governo mirabolante. E o nosso plano de governo vai ser enxutíssimo, muito enxuto. É lei, é obrigatório, mas eu acho que a palavra do político tem que voltar a valer. Então, o que eu for defender nos debates, nos programas eleitorais, de rádio e de TV, nas ruas, aonde tiver uma reunião com cinco, seis, quatro pessoas, eu vou estar lá. Os meus prováveis adversários, talvez não vão estar, porque confiam no poder da máquina, e acham que vão perder nesse ponto para mim, porque eu vou estar em todo lugar. Aquilo que eu vier a defender é um plano de governo. O que eu falar num programa eleitoral, num programa de rádio, as pessoas têm que guardar isso, têm que cobrar, é um plano de governo. Mas nós vamos ter o plano de governo, propriamente dito, nas áreas principais, já contemplando a redução da máquina que eu acho que tem que acontecer. Já pedi para alguns amigos em cada área começar a alinhavar alguma coisa, nós já temos um esqueleto pronto. No mês que vem nós vamos percorrer dez grandes regiões, vamos fazer uma reunião em cada, uma para coletar sugestões, para finalizar com mais detalhes, mas a linha mestra já está pronta.
Uma das coisas que se ouve muito dizer é que o município não tem capacidade de investimento porque a folha absorve até o limite providencial, em torno de 60% do orçamento do Município. Como avalia essa questão?
E preciso ter números em mãos mais claros, porque quando a gente ouve que [o orçamento municipal] está comprometido, que não tem poder de investimento, é preciso analisar. Por exemplo, o projeto do Fonplata, que está sendo lançado, e algumas coisas que já estão acontecendo, exigem que o poder municipal esteja com a saúde financeira equilibrada e exige contrapartida. Então, é possível dizer que nós temos poder de investimento, baseado nisso, e em outras coisas que estão acontecendo. Se estiver muito próximo, existe o gatilho. Quando chega perto do limite, é preciso acontecer alguma coisa. Tem que aumentar a arrecadação. Por que aumentar imposto, em nosso governo, esqueçam. Não vai existir em nenhum setor, seja 0,00 alguma coisa, de aumento de imposto. Nós temos que melhorar a eficiência da máquina arrecadadora. Nós temos que atrair mais indústrias e comércio para o nosso município aumentar a arrecadação, e não aumentar imposto. Nós temos que aumentar a atividade econômica. O que nós não podemos é o comerciante estar lá em Itaporã, porque lá o ISS é menor, e vir vender aqui em Dourados, porque aqui a alíquota é maior. Nós temos que diminuir impostos e atrair investimentos, melhorar o nível de atividade econômica para aumentar a arrecadação. E aí, claro que nós temos que controlar essa sanha de cargos. E – aqui não vai nenhuma proposta de “caça às bruxas” – nós temos que fazer um levantamento real e ver o que é necessário. Os que são concursados, são concursados, já estão dentro das suas regras; e os contratados, o poder público precisa deles. Muita gente fala de contratado como se fosse cabide de emprego, mas a gente vê em alguns setores, que a Prefeitura é tocada por essas pessoas, são trabalhadores, então tem necessidade deles. Agora, o que não for necessário, nós temos que reduzir.
Durante a campanha, pretende participar e incentivar a realização de debates entre os candidatos?
Incentivar. Quanto mais debates, melhor. Eu, inclusive, falei numa entrevista que concedi, há algum tempo, que nós temos que fazer debates temáticos. Vamos debater educação, vamos debater saúde, os principais pontos. Porque num debate que engloba tudo, com pouco tempo, você não consegue explanar tudo o que pensa; mas quanto mais debates, melhor. Quanto mais formatos, melhor. Até debate público, até debate nas entidades representativas. Nós temos aqui a Educação, nós temos a ACED, temos Sindicom, temos muitos órgãos privados que podem propor debates, também, chamar os candidatos. Eu acho que é importante, para que a sociedade tenha mais informações. Muita gente vai se contradizer nos próprios debates, vai falar uma coisa num debate e outra em outro.
Qual sua mensagem final para os leitores da Folha de Dourados?
Penso que principalmente para quem está numa candidatura de um partido novo, pequeno, que está nascendo agora, o papel da imprensa é muito importante, não para beneficiar “A” ou “B”, mas para dar voz, dar visibilidade, para as pessoas entenderem, para as pessoas saberem: o Humberto Teixeira Júnior, filho do “Seu” Humberto, da Dona Vecilde, é candidato a prefeito também, vamos avaliar. Para quê? Para enriquecer o debate, para dar mais opção. Ninguém vai mandar em ninguém. A pessoa vai para a urna e vai escolher quem achar melhor. Vai um recado aqui: não troquem o voto por nada, não votem por pressão de “A” ou de “B”. Tem que analisar, não decida seu voto pela aparência. Ouça os programas, ouça os debates, gaste tempo, leia as entrevistas. Discuta com o candidato em alto nível para decidir. Nós vamos decidir nas eleições o futuro do nosso município durante quatro anos. É a mesma coisa que ao sair para viajar, eu tenho que pegar uma pessoa e pôr para cuidar da minha família e da minha casa. Tem que ser uma pessoa que inspire confiança. Então, não pode ser na empolgação. Quero dizer que nossa candidatura é para valer. Eu acho que o importante é disputar as eleições e dar uma opção ao eleitorado. Aquele que não quiser votar na atual gestão, que não considera uma gestão boa, e também não quiser votar no projeto do PSDB e nem do PT, vai ter o nosso nome, assim como outros, à disposição da sociedade, para ser avaliado. Eu sei o peso, sei a responsabilidade, sei o que nós vamos enfrentar. Graças a Deus nós temos uma condição de ir de cabeça erguida para essa disputa, fazer a disputa com grandeza, com grandes discussões, com debates de alto nível e deixar o povo analisar e escolher o que é melhor para Dourados.