Maria de Lourdes Santos da Silva, mais conhecida como Lurdinha Mattos nasceu em Dourados, em 23 de janeiro de 1954, no local onde hoje é o Grilo’s Restaurante. Ali, na época, era a rua Rio Grande do Sul, atual avenida Weimar Gonçalves Torres. Por parte pai, ela pertence à família Cavalheiro Teixeira; por parte de mãe, é da família Mattos.
Uma das figuras mais conhecidas da sociedade douradense, Lurdinha está envolvida em diversas entidades e ações de cunho associtivista, cultural e filantrópico. Entre elas, a Associação das Mulheres da Carreira Jurídica; Associação das Mulheres Empresárias (BPW); Associação de Apoiadores do Hospital de Amor de Dourados; e é presidente da Associação da Família Mattos (AMATTOS).
No livro “Minha história em Dourados”, publicado recentemente pela Folha de Dourados e 2mil Marketing Digital Lurdinha registra a chegada dos bisavós à região posteriormente denominada de Grande Dourados, oriundos do Rio Grade do Sul. Também conta histórias saborosas de sua infância, com lembranças de escolas onde estudou: Abigail Borralho, Imaculada Conceição, Presidente Vargas; Ministro João Paulo Reis Veloso , e por fim, a Unigran, onde fez o curso de Direito.
Atualmente sócia em uma empresa despachante cartorária, Lurdinha Mattos mantém viva a presença nas ações sociais. Ela mesma afirma que pretende continuar contribuindo “na tomada de decisões que resultem em projetos voltados à melhoria das condições de vida dos que aqui vivem, e dos que ainda virão: os futuros douradenses natos, ou os imigrantes, que tão bem acolhemos”.
Entre essas atividades, ela participa “de um movimento que procura unir a sociedade douradense, deixando de lado as diferenças políticas, partidárias e ideológicas.”
Leia, a seguir, trechos do livro:
Infância e juventude
(…)
Quando criança, uma de minhas principais atrações eram as comemorações do Natal: a Missa do Galo e a fonte luminosa da praça Antônio João, local onde os pais, rodeados pelos seus filhos, travavam um bom papo com os amigos. Naquela época, tínhamos o cinema “Cine Ouro Verde”, que oferecia apenas duas sessões; a última terminava perto das 22 h, horário em que eram desligados os motores que geravam a energia elétrica para toda a cidade. Para o lazer, havia também o Clube Social, com suas festas maravilhosas e mulheres elegantíssimas! Eu adorava olhar os looks! Sem falar nos clubes Nipônico e Indaiá, onde aconteceram belos carnavais! Quem presenciou tudo isso sabe do que estou falando!
Aos treze anos de idade eu dei aula de reforço, por um ano, para as crianças dos vizinhos de casa. Por um curto tempo trabalhei na livraria dos Irmãos Maristas; trabalhei também para o Sr. Aparício Paixão, um despachante, e, finalmente, por indicação da minha querida prima Helena Marques de Almeida Trzeciak, trabalhei no Cartório do 4º Ofício por quarenta e dois anos. Fui auxiliar, escrevente e tabeliã substituta por trinta e sete anos. A partir de 2008, assumi interinamente o cartório, após o falecimento do meu chefe, René Miguel, uma pessoa fantástica, maravilhosa e que acrescentou muito na nossa vida. Assumi interinamente porque era a substituta mais antiga. Assim fiquei, até 2012, quando tive de entregar o cargo a determinada moça, que veio do Recife, para assumir o cartório. Então pensei: “E agora, o que a Maria de Lourdes vai fazer?”. Eu, com outra colega de trabalho, Leila Regina Fagundes da Silva, e minha filha, Tatiana Azambuja, montamos uma intermediação de cartório. Então passamos a oferecer a intermediação dos serviços, somos despachantes cartorários.
O “bailinho” que deu casamento
Conheci o meu esposo, Duclacy Alves da Silva, em nossa fazenda. Minha família costumava, no final do ano, fazer um bailinho; num desses, ele veio, e ali iniciamos o namoro, no ano de 1969. Nós nos casamos, precisamente em 30 de dezembro 1971. Vamos completar cinquenta e dois anos de casados neste final de ano. Dessa união nasceram dois filhos: o Alessandro Santos da Silva Azambuja e a Tatiana Santos da Silva Azambuja. O Alessandro, nascido no dia 1º de agosto de 1975, é formado em tecnologia em agronomia; é assessor de desenvolvimento de cooperativismo na cooperativa de crédito Sicredi; é casado com Hilda Rabelo Balbino Azambuja, formada em Estética e Cosmetologia, Diretora Comercial na empresa Laser Fast. Desse encontro nasceram dois filhos: Marco Antônio Rabello Balbino Azambuja, músico, e Maria Valentina Rabelo Azambuja, estudante. A Tatiana, que veio ao mundo no dia 27 de julho de 1977, é Bacharel em Direito e minha sócia na empresa Soluções Cartorárias. Foi casada com Carlos Eduardo da Silveira, com quem teve três filhos: Isabella Azambuja da Silveira, advogada; João Vitor Azambuja da Silveira, cursando Direito e Isadora Azambuja da Silveira, cursando Psicologia. Meus filhos, netos e nora… a maior razão do meu viver!
Família Mattos e a história de Dourados
Como falar da minha história em Dourados sem falar da minha família (por parte de minha mãe), a Família Mattos? Eles vieram para esta região, antes mesmo de Dourados ser criada oficialmente. Faziam parte dos que tinham ficado lá no Rio Grande do Sul, precisamente em São Luís Gonzaga. Uma das causas foi a Revolução Federalista. Eles trabalhavam com a criação de gado e, com a Revolução, ficaram prejudicados financeiramente e suas terras muito desgastadas, deixando-os empobrecidos.
Nessa época, já sabiam, por meio de outras pessoas, que o estado de Mato Grosso possuía terras muito ricas e férteis. Por isso eles debandaram, vieram para cá e se deram muito bem, graças a Deus, participando ativamente do crescimento da região. Logo na chegada, os Mattos requereram a posse de áreas rurais, tais como as propriedades denominadas Café, Antolin e São José do Desterro, na qual ainda permaneço em parte da área que foi do meu bisavô, adquirida por ele em 1901.
A Família Mattos teve intensa participação social e política no então Patrimônio de Dourados, tendo um de seus membros alçado ao cargo de primeiro prefeito de Ponta Porã, na época, sede do município. Na sequência participou efetivamente da criação do Distrito de Paz de Dourados em 1914, instalado em 1915, e da emancipação política em 1935.
Em relação à família do meu pai, meu bisavô, José Cavalheiro dos Santos, e sua esposa, Vitalina Viana Cavalheiro, resolveram buscar novo lugar que geraria melhor conforto para os seus familiares. Vieram, em 1911, de São Luiz Gonzaga, no noroeste gaúcho, também para o Mato Grosso, via Argentina e Paraguai. Adentrando no Brasil, se estabeleceram no munícipio de Ponta Porã, região da Cabeceira do Apa, com dez filhos; entre eles meu avô, Alcides Cavalheiro dos Santos, que, logo na chegada à região do Patrimônio de Dourados, fixou residência na Fazenda Boqueirão, acompanhado de seus quarenta netos.
Paixão aos 15 anos: meu pai
Um fato interessante: no final da Guerra Mundial, meu pai, com quinze anos de idade, pediu o consentimento de sua mãe para que pudesse se apresentar no quartel de Bela Vista (Mato Grosso) como voluntário, vez que os quartéis estavam desfalcados de soldados em virtude da Guerra e ele queria ficar à disposição para a defesa da pátria. Na longa viagem para se apresentar ao Exército, teve de dormir nas fazendas do trajeto; foi então que conheceu minha mãe! Como ela era uma moça muito linda, meu pai se apaixonou! E, na primeira oportunidade, disse a ela: “Quando eu voltar, me caso com você”. Isso se concretizou e aqui estou, um dos frutos desse amor! Eu sou a caçula, nasci em 1954. Tenho mais três irmãos. Éramos quatro, eu sou a mais nova. A mais velha era a doutora Maria Terezinha Cavalheiro Aguilera, uma advogada criminalista muito forte, e que me faz muita falta! Nós a perdemos para o câncer. Tenho mais dois irmãos: Peri Matos dos Santos, com 73 anos. Ele fez Engenharia Química em Ribeirão Preto-SP. O outro chama-se Fernando Matos dos Santos, com 72 anos; esse é mais atirado, como se diz, ele é um verdadeiro boêmio.
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