O ex-deputado estadual Walter Carneiro nasceu em Cuiabá (MT) em 14 de fevereiro de 1942. Veio para Dourados em 1968, após quatro anos residindo no Rio de Janeiro, onde formou-se em Medicina Veterinária, tendo presidido o Diretório Acadêmico Vital Brasil Filho, nos anos turbulentos do Movimento Militar de 1.964.
É casado com Elizete Vieira Carneiro, neta do Coronel Firmino Vieira de Matos, com quem possui quatro filhos, todos douradenses: Walter Junior, Grasielle, João Alfredo e Kassilene.
Iniciou sua carreira política em 1.972, quando foi eleito vereador em Dourados, cidade que, segundo ele, é “terra maravilhosa e abençoada”, que acolheu em seu coração e lhe “prestigiou com a confiança de seu povo”.
Essa história é contada por Walter Carneiro no livro “Minha história em Dourados”, publicado esse ano pela Folha de Dourados e 2mil Marketing Digital (à venda na Livraria Canto das Letras – Avenida Weimar Gonçalves Torres, 2440, centro – Dourados MS).
Leia, a seguir, trechos do livro:
Nasci em Cuiabá (MT), em 14 de fevereiro de 1942. Sou casado com Elizete Vieira Carneiro. Temos quatro filhos, todos douradenses: Walter Junior, Grasielle, João Alfredo e Kassilene. Até agora, novembro de 2023, são oito netos: Eduardo, Pedro, João Antonio, Sofia, Maria, Manoela, Guilherme e a Rafaela, que está chegando.
Elizete é de famílias tradicionais, Vieira e Matos. Neta do saudoso Coronel Firmino Viera de Matos. Sou de família cristã. Meu pai, o alfaiate João Benedito Carneiro, e minha mãe, a costureira Lídia Pereira Carneiro, tiveram 13 filhos – cinco homens (eu, Wilson, João, Ivo e Benedito) e oito mulheres (Aidil, Adail, Arenil, Atail, Ail, Adil, Adenil e Azenil). Todos os nomes dos filhos têm Benedito.
Unidos, compartilhamos fatos marcantes. Hoje, a ausência de alguns faz muita falta, mas vivem na memória. Dos pais, tivemos amor e incentivos para estudarmos, trabalharmos, sermos honrados e amarmos o próximo.
Até o 2º grau estudei em escolas cuiabanas. Comecei a trabalhar aos dezesseis anos, balconista de farmácia. Em 1962 fui para o Rio de Janeiro lutar por meus sonhos. Trabalhava na Mesbla e estudava à noite na Universidade Federal Fluminense, de Niterói, até me formar médico veterinário. Presidi o Diretório Acadêmico Vital Brasil Filho nos anos turbulentos do Movimento Militar de 1964. Em Barretos (SP) e no Rio de Janeiro, estagiei no Frigorífico Anglo, num entreposto de pesca, dando assistência a pequenos animais.
Em 1968 voltei a Mato Grosso, indo para Dourados, onde já vivia meu irmão mais velho, Wilson Benedito. Visionário, empreendedor, ele iniciou a mudança da família para Dourados. Era chamado de Nhô Nhô, fez carreira na Exatoria Estadual. Criador de gado Gir, destacou-se nas feiras agropecuárias. Trouxe a concessionária da Volkswagen, instalou a revenda da Antarctica, foi cofundador da Associação Comercial, membro e presidente do Sindicato Rural.
Depois vieram outros irmãos. O comerciante João Benedito, servidor fazendário, e os gêmeos Ivo (Casa Moderna) e Benedito, escrivão de polícia. Em 1969, já servidor da Secretaria de Agricultura, ao notar a expansão da pecuária, fui para Uberaba (MG). Lá fiquei um ano; voltei como juiz técnico de gado zebuíno de origem indiana e passei a chefiar o escritório da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Entre 1969-70 fiz registros de melhoria genética do gado zebu na região. Registrei, entre outras criações, quinhentas fêmeas da Fazenda Santa Alaíde, de Duarte Assunção. Do saudoso governador Pedro Pedrossian, apartei quarenta fêmeas, as primeiras do plantel 4P. Com meus conhecimentos, impedi, em Laguna Caarapã, um surto de raiva bovina transmitida por morcego. Com o cérebro de um animal, acionamos o Instituto Vital Brasil/RJ e a epidemia foi contida. Enraizados na cidade, eu e Vilmar, casado com minha irmã Azenil, abrimos a Casa do Fazendeiro na Marcelino Pires. Por mais de dez anos de trabalho, atendemos e fomos referência aos criadores.
Fui diretor e presidente do Ubiratan Esporte Clube, o Leão da Fronteira, no início dos anos 1970, fazendo as quadras de futsal e a revitalização da piscina. A profissionalização do futebol se iniciava, com jogos disputados sem patrocínio. Os dirigentes faziam campanhas para manter o time. O Leão, orgulho do douradense, tem nomes históricos, um deles, meu cunhado Walter Brandão, que era casado com minha irmã Arenil. Foi roupeiro, técnico e presidente do clube. São também muito conhecidos: o “Mandioca”, vereador, autor da lei que criou a Bandeira e o Brasão do município; o técnico Merce e craques, como Mão-de-Onça, Pitu, Manteiga, Bidu, Eusébio, Gaúcho, Coutinho, Careca, Marciano, Varela, Teotônio e Sabará.
Com nove amigos “forasteiros” – diplomados recém-chegados –, formamos o CIBOL (Clube de Integração Bolinha-Luluzinha). Éramos eu, Zé Elias Moreira, Cláudio Iguma, Geraldo Melo, Mílton de Paula, Paulo Mori, Luiz Nogueira, Odon de Oliveira, Djalma Bianchi e Agrecir. Com o prefeito Luiz Antonio, Arildo Perrupato e Luiz Parafuso, fundamos o templo da Loja Maçônica Cinquentenário Nº 46, da Grande Loja do Brasil, alusivo aos 50 anos de Dourados.
Eu e o Alphonsus, casado com minha irmã Adail, trocávamos ideias e as realizávamos. Ele lançou o primeiro transporte coletivo de Dourados a Itaporã; criou a Viação Brasília e fez o Hotel Alphonsus. Nessa dinâmica veio o chamado político. Filiei-me na Arena e fui seu presidente. Candidatei-me a vereador e me elegi em 1972.
No primeiro mandato, liderei a oposição ao prefeito Totó Câmara. Reeleito em 1976, fui líder da bancada de apoio ao prefeito Zé Elias, casado com minha irmã Adenil. Engenheiro agrônomo e grande gestor, foi deputado federal constituinte e empreendedor, dando a Dourados a Rádio e TV Caiuás. Fundamos a Associação de Vereadores da Grande Dourados (Avegrande), que defendeu a criação e o nome do novo estado – Mato Grosso do Sul.
Em 1978, fui eleito deputado estadual constituinte. Instalamos o estado, escrevendo sua primeira Constituição. Cumpri todos os meus compromissos com Dourados e região em três mandatos (1979-1991). Construí excelentes amizades, uma delas com o Lademar, esposo da minha irmã Adir. Simples, trabalhador, parceiro de viagens, forjou sua vida na Cabeceira Alegre. Na avenida Weimar Torres, todos conheciam o Ferro Velho Ouro Verde.
Para realizar o sonho do município de ter sua própria escola de ensino superior, tomei uma decisão inusitada. No dia de votação final relativa ao texto da primeira Constituição, escrevi com caneta esferográfica e apresentei esta emenda constitucional: “Fica criada a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, com sede em Dourados”. Nascia a UEMS, terceira universidade criada por Pedro Pedrossian, promulgada em 13/06/1979, e reiterada na revisão constitucional de 1989 (artigo 48 das Disposições Gerais e Transitórias). Com a Lei 533/1985, autorizamos a instalação, e, com a Lei 1461/1993, o Executivo foi liberado para instituí-la.
O municipalismo é marca pessoal. Eleito presidente da Assembleia Legislativa (Alems), sou, por enquanto, o único douradense que exerceu este cargo. Na presidência prestigiei os municípios, homenageando-os regularmente. Em 1984 promulguei a Lei 440 (Pró-Indústria, em vigor até hoje). Criei ainda os municípios de Douradina e Juti e vários distritos.
Nos anos 1990, já fora da política, fui diretor-geral da Alems e pude me dedicar mais à família, levando adiante a crença devocional em São Benedito de Cuiabá. Há mais de 25 anos realizamos a Festa de São Benedito e de São João, na estância, em Dourados, que leva o nome do santo protetor (São Benedito de Cuiabá).
A vida me homenageou com a fé cristã e com os princípios elevados de honradez e humildade para ser sempre um aprendiz e praticante do bem. Devo isso ao Deus Supremo e ao glorioso São Benedito. Reconheço, em todas as lutas, a presença vitoriosa e inspiradora da família, no carinho e companheirismo da amada Elizete, dos filhos e netos, dos irmãos, irmãs e demais parentes.
Quando me perco, tenho na família a luz que me ilumina os caminhos, que me clareia a vista e me faz entender que posso melhorar como ser humano em cada estação da jornada. E não poderia deixar de prestar meu tributo, com gratidão e apreço, ao sustentáculo que é esta terra maravilhosa e abençoada, a Dourados, que me acolheu em seu coração e me prestigiou com a confiança de seu povo.