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O Brasil envelhece rapidamente mas o etarismo ainda está impregnado em nossa sociedade

01 de outubro – Dia do Idoso – As várias formas de preconceito afetam a autoestima e a saúde mental dos idosos, e contribuem para um ciclo de exclusão social e econômico.

O etarismo, uma forma de discriminação baseada na idade, continua um desafio a ser enfrentado no Brasil. É preciso maior consciência sobre a necessidade de construirmos, no dia a dia, uma sociedade mais justa e inclusiva, que reconheça e valorize todos os indivíduos, inclusive os mais velhos. Em outras sociedades, como a japonesa, eles são valorizados por sua experiência de vida. Em nosso país, no entanto, ainda sofrem uma série de preconceitos. No mercado de trabalho, são marginalizados. E, até pelos políticos, são esquecidos nas campanhas eleitorais.

“Os mais velhos têm muito a contribuir com os mais novos, por exemplo, no ambiente de trabalho. No entanto, uma grande parte das empresas não leva isso em conta. A discriminação impede que os indivíduos com mais idade tenham novas oportunidades de emprego e renda, perpetuando uma cultura que não valoriza a experiência e o conhecimento adquiridos ao longo dos anos de trabalho”, ressalta o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.

A pesquisa “Por que pessoas 50+ não são consideradas como força de trabalho em um país que envelhece?”, realizada pela EY Brasil e pela plataforma Maturi, mostrou que o preconceito contra os mais velhos é, de fato, real. Entre as 191 empresas de 13 setores que foram ouvidas, 78% delas acham que as organizações são, sim, etaristas e 33% não praticam nenhuma abordagem sobre o tema junto a seus funcionários. A falta de ações concretas se traduz em outro dado alarmante: 80% delas não possuem políticas específicas de combate à discriminação por idade em seus processos seletivos.

As cidades brasileiras também precisam eliminar barreiras significativas para se tornarem mais acolhedoras e adequadas para os idosos. A maioria carece de infraestrutura adequada, como calçadas largas – e sem buracos -, rampas e transporte público acessível; o que dificulta a mobilidade. A violência urbana é outro fator de preocupação, levando ao isolamento dos idosos e à dificuldade de deslocamento.

Tudo isso é surpreendente em um país que está envelhecendo rapidamente. Em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais no país chegou a 10,9% da população – 22.169.101 – uma alta expressiva de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 14.081.477, ou 7,4% da população.

São várias formas de preconceito que podem afetar a qualidade de vida e bem-estar dos idosos:

– Etarismo: É o preconceito mais comum envolvendo estereótipos negativos sobre a idade. Os idosos ainda são vistos como incapazes, dependentes e menos produtivos.

– Desvalorização: A contribuição e os conhecimentos dos idosos são subestimados. Suas opiniões e experiências não são valorizadas em ambientes familiares e profissionais.

– Estereótipo de saúde: Ainda há uma percepção de que todos os idosos são frágeis ou doentes, o que não é verdade. Isso pode resultar em um tratamento paternalista ou desconsideração de suas capacidades físicas e/ou mentais.

– Discriminação no mercado de trabalho: Idosos têm dificuldades em conseguir ou manter empregos. Muitas empresas os consideram menos adaptáveis ou inovadores.

– Isolamento social: Família e colegas de trabalho muitas vezes ignoram ou excluem idosos de festas, passeios e outras atividades, com a ideia de que não são mais parte ativa da comunidade.

– Violência e abuso: São muitos os casos de idosos vítimas de abusos físico, emocional ou financeiro no Brasil; e frequentemente eles se calam, devido à vulnerabilidade.

– Falta de visibilidade e representatividade: A baixa presença de idosos nas mídias e em espaços de poder e decisão perpetua a ideia de que suas vozes não são relevantes.

O estigma e o desinteresse da sociedade afetam a autoestima e a saúde mental dos idosos; e contribuem para um ciclo de exclusão social que ainda está longe do fim. O Defensor Público André Naves ressalta que é essencial que governos, entidades e ONGs se envolvam no debate e na conscientização dos brasileiros sobre o tema. É urgente também a implementação de políticas públicas e regulamentações que protejam, de fato, os direitos dos mais velhos.

Naves destaca também a importância da adoção, nas empresas públicas e privadas, de programas de capacitação adaptados às necessidades desses trabalhadores, garantindo assim que eles possam continuar contribuindo de maneira significativa para a força de trabalho do país.

“É fundamental reconhecer a contribuição dos trabalhadores mais velhos, que possuem uma riqueza de experiências, habilidades e visão de mundo que são inestimáveis para qualquer organização. Com o avanço tecnológico, é preciso, sim, capacitá-los para o uso de novas ferramentas. No entanto, negar-lhes oportunidades com base na idade é não apenas injusto, mas também contraproducente para o sucesso das organizações e para o progresso social e econômico do país”, conclui o Defensor Público.

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