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Elairton Gehlen: ‘A Festa’

Elairton Gehlen – escritor –

Tinha um punhado de gente andando de um lado para outro e do outro para um, e era um punhado bem grande de gente, nem dava para contar, o Adriano pegou o celular e filmou aquelas gentes todas que estavam lá, indo e vindo e indo de novo, e tinha música e um montão de barracas vendendo de um tudo que se pode comprar em barracas que se enfileiram numa rua e ao redor da praça. Adriano continuou filmando porque era bem curioso ver tanta gente se agitando num sábado à noite, mas ele não sabia o que era, daí perguntou para um sujeito que tinha os cabelos bem compridos, trançados, estilo rastafári, usava calças bem largas, estilo oversized e uma camiseta, também de um número maior que o “normal”, destaquei porque agora já nem sei mais o que é normal, tantas pessoas pareciam usar camisetas e calças maiores que o número que até então me parecia normal que parece que o normal mudou. O de cabelos rastafári olhou meio desconfiado para Adriano e mostrou a enorme faixa sobre o palco, que dizia: FESTOP-FESTIVAL DE TODOS OS POVOS! Não falou nada. Nem foi preciso!

Adriano escutou um falatório bem alto do outro lado da praça e foi ver o que era, no caminho aquela gentarada toda se cruzando e era gente de todo tipo, uns branquelos como ele, outros negros, mulatos mestiços, índios, sei lá como se classifica os demais que estavam por lá, andando pela praça dava bem para entender a faixa sobre o palco. No meio da praça tinha uma fonte de água e do outro lado uma aglomeração de gente para ver uns escritores lançando livros. Não, eles não estavam atirando livros para cima, estavam dizendo que escreveram novos livros e que iam vende-los para quem quisesse comprar. Não demorou e eles já estavam cada um numa mesa autografando seus livros para quem quisesse adquirir. É bem chique ter um livro autografado pelo autor! Adriano saiu de lá com dois, um do Jaiminho e outro da Ana Cláudia Brida. Duas vezes chique!

No palco principal, uma cantora bonitona, toda vestida de preto, acompanhada por um guitarrista, um contrabaixista e um baterista, todos de preto, contava uma linda canção em guarani. Que voz! Adriano quis saber de onde ela era, talvez de Assunção, no Paraguai, ou de algum outro grande centro urbano. Mas não. Ela é de Dourados! Que talento! E é daqui! O nome dela é Dami Baz. Por esse mesmo palco passaram inúmeras apresentações, música, dança, contadores de história, ao lado da Tenda da Literatura também se apresentavam outros artistas. Parecia haver uma disputa entre o palco principal e a Tenda da Literatura para ver quem apresentava os melhores talentos artísticos.

O FESTOP, eu acho que é o evento cultural mais importante de Dourados, talvez até de Mato Grosso do Sul, são três dias de uma intensa programação congregando as mais diversas manifestações culturais da nossa cidade, trazendo para o mesmo local desde a música clássica trabalhada na Universidade até o funk, passando por pop rock e a música popular, muito bem cantada pelo jovem cantor João Martinelli, que ainda beira os dezesseis anos de idade.

O Festival de Todos os Povos está no calendário oficial de eventos da cidade de Dourados e de lá não deve sair nunca mais!

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