A Polícia Civil e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) iniciaram na manhã desta terça-feira, 26, a Operação Damas de Ouro, na capital fluminense, para tentar prender José Marcos Chaves Ribeiro, ex-motorista acusado de tentativa de feminicídio, violência psicológica, furto qualificado, sequestro e por manter a socialite Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos, em cárcere privado. O suspeito não foi localizado.
A vítima alegou que ficou presa pelo ex-motorista em um apartamento de Copacabana durante dez anos. As autoridades cumpriram mandados em uma mansão avaliada em R$ 15 milhões que estaria sendo usada pelo ex-motorista e alugada a terceiros em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro (RJ), e em dois apartamentos do mesmo bairro. As informações são do “Bom Dia Rio”, da “TV Globo”.
De acordo com as forças de segurança, Chaves teria se apropriado de bens da idosa e se tornou réu após uma investigação da Delegacia de Copacabana que se iniciou em novembro de 2023. O homem é suspeito de manter a socialite isolada de amigos e familiares durante dez anos, administrando o patrimônio da vítima.
As investigações apontaram que o ex-motorista deixava Regina sem comer e beber e dormindo em uma poltrona de um apartamento em um edifício nas proximidades do Copacabana Palace.
Relembre o caso
A socialite Regina Lemos Gonçalves, de 88 anos, ficou presa em um apartamento de Copacabana, no Rio de Janeiro, durante dez anos. O motorista da mulher, identificado como José Marcos Chaves, de 53, a impedia de ter contato com parentes e amigos.
A mulher já era rica quando se casou com Nestor Gonçalves, fazendeiro que foi dono da gráfica responsável por produzir os baralhos da Copag e morreu há 30 anos, deixando uma herança estimada em R$ 2,5 bilhões para Regina. O casal não teve filhos.
Em maio de 2022, um grupo de amigos, percebendo o sumiço da idosa no condomínio em que vive, fez uma denúncia anônima ao MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), alegando que tentavam contato com a mulher mas só eram respondidos por José Marcos Chaves dizendo que Regina estava doente.
O motorista foi contratado em 2010 para ser motorista de Regina, entretanto, de acordo com José Marcos, os dois tinham uma relação amorosa. Um documento de união estável foi assinado por ambas as partes em 2021, com apresentação de atestado psicológico por parte de Regina, que garante o homem como responsável legal pela socialite em caso de problemas de saúde mental.
Entretanto, Regina explica que não se lembra de ter assinado o documento. “Eu vivia sem poder ter contato com ninguém. Ficava em cativeiro”, afirmou a socialite em entrevista. Parentes declararam que a mulher vivia sob efeito de remédios.
Em 2022, um documento assinado por Regina e José Marcos assegurava que a mulher estava em plenas faculdades mentais, apesar disso, em dezembro do ano passado, o motorista apresentou um papel de outro psiquiatra que diagnosticou uma demência em estágio avançado com “déficit cognitivo grave” na socialite.
A mulher viveu por 12 anos em um apartamento no edifício Chopin, em Copacabana, no Rio de Janeiro, até conseguir “fugir”, em janeiro deste ano. “O dia que eu fui procurar a casa do meu irmão, eu cheguei assustada, eu havia emagrecido mais de 30 quilos”, contou Regina. Após verem o estado da socialite, parentes pediram medidas protetivas contra José Marcos.
Segundo o motorista, ela saiu de casa durante um surto. Quando policiais foram até o apartamento alguns dias depois, os porteiros do condomínio contaram que José Marcos deixou o local no momento em que viu as viaturas.
Mesmo com as medidas protetivas, José Marcos se utilizou da união estável para conseguir administrar o patrimônio de Regina. Entre as várias propriedades, uma casa de 1,4 mil m² que pertence à mulher estaria servindo de residência ao motorista, conforme familiares da socialite.
Agora, a herança de Regina será decidida na Justiça. “Quando uma pessoa age do jeito que ele [José Marcos Chaves] agiu, merece ser punido”, pontuou a socialite. Os advogados da mulher buscam anular o documento de união estável, explicando que o homem não acrescentou nada e apenas dilapidou o patrimônio da idosa.
(Istoé)