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Educação ambiental busca aproximar a população da Mata Atlântica

Com uma garrafa, a educadora ambiental Ríllary Lemos coleta um pouco de água de um dos córregos do Parque Estadual dos Três Picos, na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Para grupos de estudantes de escolas pública e para os demais visitantes, ela faz alguns testes para verificar a qualidade da água.Educação ambiental busca aproximar a população da Mata AtlânticaEducação ambiental busca aproximar a população da Mata Atlântica

“Aqui a gente tem três dos experimentos que nós fazemos. Tem o detergente que é para analisar se tem a presença de algum tipo de sabão na água, tem o oxigênio dissolvido para ver os níveis de oxigenação daquela água e tem o PH [que mede o nível de acidez] que é o mais simples que a gente faz e só precisa de um reagente”, explica.

Mas mais importante do que qualquer resultado, é que as pessoas tomem consciência do ambiente que as cerca e conheçam mais da natureza, da qual os seres humanos também fazem parte.

“A maior preocupação é sensibilizar eles a olharem para os rios porque aqui a gente tem muito costume de ignorar, porque é algo comum para a gente. Então, a gente faz com que eles parem na beira do rio e comecem a analisar aquele rio. Se ali está sem a mata ciliar [vegetação às margens dos rios] ou não. Isso é importante de se perceber. A gente teve um episódio de chuvas aqui no início do ano e teve uma enchente. A gente percebeu que muito lugar não tinha mata ciliar e ficou muito degradado. Eles conseguiram entender o porquê de ficar degradado”, diz a educadora ambiental. 

Ríllary faz parte do projeto Guapiaçu, realizado pelo Ação Socioambiental (Asa) em parceria da Petrobras. Além de trabalhar com o reflorestamento da Mata Atlântica em propriedades privadas, o projeto é voltado para educação ambiental, a fim de conscientizar a população.

Observar os recursos hídricos tem uma especial importância em Cachoeiras de Macacu. No Rio de Janeiro, onde o projeto é desenvolvido. O município é conhecido pelo potencial hídrico. Próximo dali, na Serra dos Órgãos, a cerca de 1,7 mil metros de altitude, nasce o rio Macacu, que é o principal rio que desagua na Baía de Guanabara. A bacia hidrográfica do rio Guapi-Macacu – formada pela união do rio Macacu com o rio Guapimirim – é responsável pelo abastecimento de água de cerca de dois milhões de pessoas nos munícipios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói.

Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – A educadora ambiental do Projeto Guapiaçu Ríllary Lemos demonstra a análise de água no Parque Estadual dos Três Picos, parte do trabalho de monitoramento da Mata Atlântica. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – A educadora ambiental do Projeto Guapiaçu Ríllary Lemos demonstra a análise de água no Parque Estadual dos Três Picos, parte do trabalho de monitoramento da Mata Atlântica. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

“A gente quer trazer a consciência para as pessoas para que elas se sintam parte do ambiente e assim, elas possam cuidar dele, né? A gente acredita em um pertencimento como forma de fazer com que as pessoas entendam, não apenas as crianças, a educação ambiental vai além delas”, diz a gestora do Parque Três Picos, Maria Alice Domingos Picoli, parceiros do projeto Guapiaçu.

O Parque Estadual dos Três Picos é o maior parque estadual do Rio de Janeiro – ele se estende também por Nova Friburgo, Teresópolis, Guapimirim e Silva Jardim. É na porção de Cachoeiras de Macacu que estão dois terços das florestas e 60% das águas do parque.

Um dos principais objetivos do parque, criado em 2002, é assegurar a preservação dos remanescentes de Mata Atlântica, que é o bioma brasileiro com maior número de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção no país. Cerca de 70% da população brasileira vive em áreas de Mata Atlântica. Mas, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ao longo da história do Brasil, 71,6% do bioma foi desmatado.

“A gente conta muito com essas pessoas que vivem nos limites do parque né? A gente precisa fazer essa rede, fazer essa parceria com todo mundo pra gente conseguir preservar. Porque nós não somos ilhas, né? A gente não consegue fazer isso de forma fragmentada, a gente precisa se unir”, diz Picoli.

Nas escolas e na paisagem

Em todo o país, a partir de 2025, a educação ambiental deverá fazer parte do dia a dia de todas as escolas. A Lei 14.926, sancionada em 2024, modifica a Política Nacional de Educação Ambiental de 1999, acrescentando o estudo desses assuntos entre os objetivos da educação ambiental nacional.

As escolas deverão estimular estudantes a participar de ações de prevenção e diminuição das mudanças climáticas. O objetivo é garantir que os projetos pedagógicos, na educação básica e no ensino superior, contem com atividades relacionadas aos riscos e emergências socioambientais e a outros aspectos relacionados à questão ambiental e climática.

Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – Centro de visitantes do Parque Estadual dos Três Picos, que recebe monitoramento do Projeto Guapiaçu, para restauração da Mata Atlântica e educação ambiental. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – Centro de visitantes do Parque Estadual dos Três Picos, que recebe monitoramento do Projeto Guapiaçu, para restauração da Mata Atlântica e educação ambiental. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

Em Cachoeiras de Macacu, além de ser feita em espaços como o Parque dos Três Picos, a educação ambiental está também presente em áreas de lazer como na Prainha do rio Guapiaçu. O reflorestamento feito pelo projeto Guapiaçu em uma propriedade que margeia o rio, mudou a paisagem do local onde as pessoas vão para se divertir e nadar. Ao invés de um pasto, agora há diversas árvores.

A profissional do lar, Angelita Ferraz, de 55 anos, visitou a Prainha esta semana, depois de 26 anos sem ir ao local. “Tá muito lindo, tá bem arborizado, com muita sombra. Para cá, onde eram as árvores, era uma grande praia, por isso era chamado de prainha. Era uma grande praia de areia. O rio era mais largo e ali nós chamávamos de Poço da Lua. Nós vínhamos para cá, ficávamos acampados aqui, comendo camarão, tocando viola”, conta.

Ela deu um mergulho com a nova vista. “Não tem palavras. Se eu for falar, eu vou ficar chorando. É uma sensação muito gostosa, é gratificante olhar, ver tudo isso aqui”, diz.

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