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Saúde mental e meio ambiente: Dourados precisa de uma política pública integrada

Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –

Dourados, no coração do Mato Grosso do Sul, há muito tempo é reconhecida pela riqueza ambiental, as vastas áreas verdes e a interação íntima entre a zona urbana e rural. No entanto, a cidade enfrenta uma crise ruidosa e devastadora: o desmatamento urbano e rural. Poda radical, corte desnecessário de árvores e a destruição sistemática da vegetação têm se tornado práticas cotidianas. Embora, à primeira vista, essa questão pareça ser unicamente ambiental, ela está profundamente enraizada em aspectos sociais, políticos e psicológicos.

Logo, defendemos a implantação de uma política pública municipal de saúde mental enquanto uma solução inovadora para prevenir a destruição ambiental em Dourados. Essa abordagem reconhece a conexão entre o bem-estar psicológico da população e a forma como as pessoas tratam o meio ambiente. A saúde mental, quando negligenciada, pode intensificar comportamentos que contribuem para o desmatamento, o que, por sua vez, gera prejuízos econômicos, sociais e ambientais irreversíveis.

Impactos do Desmatamento em Dourados: Mais que um Problema Ambiental

O desmatamento em Dourados, tanto urbano quanto rural, carrega consequências profundas para a economia da cidade e o bem-estar de seus habitantes. A poda radical de árvores nas áreas urbanas, por exemplo, reduz a cobertura vegetal, resultando em aumento das temperaturas locais, diminuição da qualidade do ar e redução da umidade — fatores que impactam diretamente a qualidade de vida e a saúde pública.

Na zona rural, o desmatamento compromete a fertilidade do solo, reduz a biodiversidade e afeta os ciclos hídricos. Isso prejudica a agricultura, uma das principais fontes de renda do município. Estudos demonstram que a perda de árvores afeta as nascentes e os córregos, reduzindo a oferta de água para irrigação e consumo humano.

Além disso, a destruição ambiental diminui o potencial turístico de Dourados, que poderia ser aproveitado com políticas de preservação e ecoturismo. O prejuízo econômico não se limita ao setor agrícola, mas também afeta o comércio e a qualidade de vida urbana, uma vez que as áreas verdes contribuem à regulação climática e à atração de investimentos.

Ligação Entre Saúde Mental e Destruição Ambiental

A relação entre saúde mental e meio ambiente é mais profunda do que se imagina. Estudos em psicologia ambiental mostram que indivíduos expostos a cenários de degradação ambiental — como a queda de árvores e a destruição de áreas verdes — experimentam um aumento nos níveis de estresse, ansiedade e depressão. Por outro lado, pessoas em contato com ambientes naturais demonstram maior sensação de bem-estar, resiliência emocional e comportamento pró-social.

Além disso, a destruição ambiental pode ser um reflexo de problemas de saúde mental em nível coletivo. A poda radical e o corte desnecessário de árvores em Dourados podem ser interpretados como sinais de falta de conexão emocional com a natureza, baixa educação ambiental e ausência de políticas públicas que integrem saúde mental e sustentabilidade.

A degradação ambiental é, por vezes, impulsionada por decisões políticas e sociais que ignoram os impactos psicológicos da destruição do meio ambiente. Isso cria um ciclo vicioso: a destruição ambiental piora a saúde mental da população, e o comprometimento da saúde mental torna mais difícil a mobilização para proteger o meio ambiente.

Por Que Dourados Precisa da Política Pública Municipal de Saúde Mental?

Uma política pública municipal de saúde mental focada na prevenção da destruição ambiental em Dourados seria pioneira no Brasil e apresentaria benefícios duradouros à cidade. Essa iniciativa deve partir do princípio de que a preservação ambiental e o bem-estar psicológico estão interligados, e que uma abordagem integrada pode gerar mudanças significativas.

Prejuízos Que a Política Pretende Combater

  1. Impactos econômicos: a perda de árvores reduz a produtividade agrícola, eleva os custos com irrigação e saúde pública, e diminui o potencial turístico da cidade;
  2. Problemas de saúde pública: a redução da qualidade do ar e o aumento das temperaturas afetam diretamente a saúde física e mental dos cidadãos;
  3. Efeitos psicológicos: a degradação ambiental promove sentimentos de impotência, ansiedade e apatia, dificultando a mobilização para mudanças.

Benefícios da Política Integrada

  1. Preservação ambiental: a conscientização e o engajamento da população resultam em práticas mais sustentáveis e na preservação de áreas verdes;
  2. Melhoria da saúde mental: ambientes naturais são comprovadamente eficazes na redução de estresse e no aumento da resiliência emocional;
  3. Fortalecimento da economia: a preservação ambiental contribui para a agricultura sustentável, o turismo ecológico e a redução de custos com saúde pública;
  4. Engajamento social: uma população mentalmente saudável é mais propensa a se engajar em ações coletivas para proteger o meio ambiente.

Diretrizes Gerais à Implantação da Política

A criação de uma política pública municipal de saúde mental em Dourados deve seguir algumas diretrizes fundamentais:

  1. Educação Ambiental e Psicológica: promover campanhas educativas que informem a população sobre a relação entre saúde mental e meio ambiente. Isso pode incluir palestras em escolas, workshops comunitários e a criação de materiais didáticos que sensibilizem os cidadãos sobre a importância das árvores para o equilíbrio ambiental e psicológico;
  2. Criação de Espaços Verdes Terapêuticos: desenvolver parques e áreas verdes urbanas que funcionem como espaços de promoção da saúde mental, oferecendo atividades como yoga, meditação e caminhadas ecológicas;
  3. Capacitação de Profissionais: formar equipes multidisciplinares que incluam psicólogos, psiquiatras, ecologistas e educadores ambientais para trabalhar em conjunto na promoção da saúde mental e da preservação ambiental;
  4. Regulamentação Ambiental: estabelecer leis mais rigorosas contra a poda radical e o corte desnecessário de árvores, incentivando alternativas sustentáveis e a arborização urbana planejada;
  5. Atendimento Psicossocial: criar centros de apoio psicológico com foco em comunidades rurais e urbanas diretamente afetadas pela degradação ambiental, oferecendo suporte emocional e estratégias para lidar com os impactos da crise ambiental;
  6. Fomento ao Ecoturismo e Agroecologia: promover atividades econômicas sustentáveis, como o ecoturismo, e incentivar práticas agrícolas que respeitem o meio ambiente, fortalecendo a economia local e reduzindo a pressão sobre os recursos naturais.

Futuro Sustentável para Dourados

A destruição ambiental em Dourados não é apenas um problema ecológico, mas uma crise que afeta a saúde mental, a economia e o bem-estar social da cidade. Implantar uma política pública municipal que integre saúde mental e preservação ambiental é um passo essencial para romper o ciclo de degradação e construir um futuro sustentável.

Ao investir no bem-estar psicológico da população e na proteção do meio ambiente, Dourados pode se tornar um exemplo de como uma cidade pode enfrentar os desafios do século XXI com inovação, responsabilidade e visão de futuro. Afinal, cuidar do meio ambiente é, acima de tudo, cuidar de nós mesmos.

(*) Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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