Eduarda Caldo –
Em 2009, a Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estabeleceu o dia 24 de janeiro como o Dia Mundial da Cultura Africana e Afrodescendente, porque a data coincide com a adoção da Carta para o Renascimento Cultural Africano em 2006 pelos Chefes de Estado e Governo da União Africana. É impossível dissociar a cultura brasileira da africana, trazida ao país durante a colonização, no século XVI, pelos povos escravizados. Por isso, essa é uma data importante para relembrar e valorizar as raízes culturais do país.
A autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie na obra O Perigo de uma História Única reforça a importância de ouvir sobre a história africana contada pelos povos nativos, e não por estrangeiros. Só eles são capazes de retratar as vivências locais e expor todas as suas pluralidades. Para celebrar essa data, conheça três artistas afro-brasileiras que vão enriquecer suas visões sobre a cultura.
Aline Motta
Artista visual, fotógrafa e diretora de cinema. Aline nasceu em Niterói e em suas obras busca resgatar as origens dela, com pesquisas documentais sobre a escravização dos ancestrais dela durante o período do Brasil colonial.
Premiada em 2024 pelo Prêmio Pipa, Aline Motta ressalta as relações entre Brasil e África por meio de histórias e relatos da sua própria família e relembra episódios, muitas vezes, apagados pela história.
Fernanda Júlia Onisajé
Fundadora do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (Nata), Fernanda Júlia é dramaturga, diretora e pesquisadora teatral baiana. Foi a primeira diretora negra a assumir uma peça na escola de teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com a estreia de “Pele Negra, Máscaras Brancas” em 2019. Em suas produções artísticas ela recorre a símbolos e mitos de matriz afro-brasileira para valorizar as raízes culturais do país.
O documentário Do que Aprendi com Minhas mais Velhas, dirigido e produzido pela artista baiana ao lado de Susan Kalik, com roteiro de Susan Kalik, é uma obra que conta sobre a fé no candomblé e como as tradições são transmitidas entre as gerações e mantém traços culturais vivos.
Ana Maria Gonçalves
Autora da obra que conquistou o Prêmio Casa de las Américas na categoria literatura brasileira, em 2007. “Um defeito de cor” foi considerado por Millôr Fernandes o livro mais importante da literatura brasileira do século XXI.
A obra conta a história de Luísa Mahin, nascida no Reino do Daomé e capturada como escrava aos 8 anos de idade, que se tornou heroína da Revolta dos Malês e voltou à terra natal como mulher livre. Foram dois anos de pesquisa intensa para escrever o livro, e mais três anos escrevendo e reescrevendo.