Em movimento que tem gerado intensas discussões nos bastidores políticos de Mato Grosso do Sul, o presidente do Diretório Estadual do Partido Novo, Guto Scarpanti, foi reeleito para o terceiro mandato consecutivo, sob protestos de opositores que procuraram a Folha de Dourados o acusando de “desafiar as diretrizes estabelecidas pelo estatuto partidário”.
Ocorre que, de acordo com o estatuto do Partido Novo, homologado pelo TSE, em 2018, é permitido apenas uma reeleição consecutiva para cargos de direção.
No entanto, Guto Scarpanti, que assumiu a presidência em 3 de novembro de 2022, após a renúncia de Rafael Rosso, foi reeleito em 15 de setembro de 2023 e, agora, novamente em 2025, estendendo sua liderança até 2027.
A suposta manobra política gerou revolta entre membros do partido, que acusam a cúpula estadual de “golpe e perpetuação no poder”.
Em off, uma das fontes da Folha de Dourados, encaminhou áudios que “comprometem a democracia interna do partido”, e o vazamento acirrou a polêmica.
Em áudio atribuído a Guto Scarpanti ele afirma textualmente que vai “ser presidente agora e vou ser presidente mais uma vez, na próxima eleição na convenção estadual, são os membros do diretório estadual que votam, que é eu (Guto), Carlos e o Rubinho, então nós vamos eleger novamente nossa chapa para 2025/2027…”.
O conteúdo do áudio chocou filiados e correligionários, que entenderam como “uma confissão de manipulação do processo eleitoral interno, tornando a eleição uma mera formalidade para legitimar sua permanência no cargo”.
Áudio explosivo: ofensas aos filiados
Se a reeleição por si só já causava indignação, um outro áudio vazado elevou a crise interna a outro nível. Em gravação recente, Guto Scarpanti se exalta e manda os candidatos do partido “tomarem no c”.*, que na opinião dos opositores “evidencia um comportamento explosivo e autoritário, destoando dos princípios democráticos que o Partido Novo diz defender.
“Isso é inaceitável! Um líder que deveria estar unindo o partido, em vez disso, está humilhando e atacando seus próprios membros”, comentou um filiado sob anonimato.
Conflito de interesses e uso indevido de recursos
Além da suspeita de fraude eleitoral interna, surgiram acusações de conflito de interesses envolvendo o vice-presidente Carlos Alberto Ferreira de Miranda, que teria alugado seu próprio escritório para servir como sede do diretório estadual, faturando com os recursos partidários. O caso levanta graves questões éticas e reforça as denúncias de que a cúpula do partido estaria utilizando a estrutura para benefício próprio.
Pedido de afastamento
Diante da onda de escândalos, membros do partido protocolaram um pedido liminar de urgência à Comissão de Ética Partidária, exigindo o afastamento imediato de Guto Scarpanti e da atual diretoria até a conclusão das investigações.
O documento aponta: violação do Estatuto do Partido, ao garantir para si um terceiro mandato consecutivo; omissão e negligência durante a campanha municipal de 2024 em Campo Grande; práticas de assédio moral e coação contra filiados e candidatos a vereador; e uso indevido da estrutura do partido para interesses pessoais.
Os filiados que assinaram o pedido afirmam que o caso já passou de uma questão partidária interna e agora é um problema ético grave que compromete a credibilidade do Partido Novo em Mato Grosso do Sul.
Intervenção Nacional
A crise instalada no diretório estadual coloca em xeque os princípios de renovação e transparência que a legenda preconiza.
Diante da gravidade dos fatos, cresce a pressão para que a direção nacional do Partido Novo intervenha no diretório de Mato Grosso do Sul, garantindo eleições limpas e um processo democrático de sucessão.
De acordo com os denunciantes, “aguardam-se, agora, os desdobramentos das investigações e as possíveis sanções que poderão ser aplicadas aos envolvidos”.
Até o momento, Guto Scarpanti não se pronunciou publicamente sobre os áudios vazados e as denúncias de fraude interna, cujo posicionamento será também publicado na Folha de Dourados.
Ouça os áudios:
No dia 23 de janeiro, Guto Scarpanti concedeu a seguinte entrevista à Folha: