Este é o período mais importante do Calendário Cristão, marcado por ritos, penitências e renúncias
A Semana Santa é o período mais importante do Calendário Cristão. Para os católicos, significa um período de reflexão, fé e renovação espiritual. Desde a entrada de Jesus em Jerusalém, até sua morte e ressurreição, cada dia carrega um significado, fortemente celebrado pela comunidade católica.
O período é visto como a semana central da liturgia, pois, na crença católica, foi justamente nestes sete dias em que Jesus deu seus passos para morrer pelas pessoas na cruz, e, posteriormente, ressuscitar pelos seus discípulos.
Na religião, a semana é marcada por missas, ritos, penitências, renúncias e as tradicionais confissões, em que são chamados a se arrependerem por seus pecados e pedir perdão à Deus.
Confissões e ‘conexão’ com Jesus
Na sala de espera da igreja, dezenas de fieis esperavam na fila para a confissão, ato comum na religião, principalmente na Semana Santa. A prática, conforme os católicos, é um ato de humildade e reconexão com Deus. Além de ‘contar os pecados’, a confissão é vista como um momento profundo de arrependimento, perdão e recomeço.
Para a estudante universitária Anna Diva Brongnoli, de 22 anos, os sete dias que antecedem a ressurreição de Cristo são dias de fé, reflexão e renovação espiritual. Além disso, a data é comemorada ao lado da família, que participa junto dos ritos da igreja.
“Eu me sinto muito mais leve, acho que essa é a minha época preferida do ano. Durante esses dias, a gente passa muitas tentações e também muitas provações, e estar sempre perto de Deus é o que me abastece e me faz continuar. E com certeza eu me sinto muito mais leve e estando perto de Deus”.
A aposentada Anaildes Pereira Machado, de 89 anos, diz que a Semana Santa é uma época de celebrar e reconhecer os sacrifícios de Jesus pela humanidade e pregar o amor ao próximo. “Para mim é uma tradição. Nós temos que lembrar de Jesus e Maria. Ele deixou tudo para nós, sofreu por nós. Temos que fazer alguma coisa por ele, porque ele merece. Se não fosse ele, nós não seguiríamos em frente”.
Período de fé e reflexão
Segundo o padre Rosenei Pauli, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, a Semana Santa é um momento de introspecção, em que os cristão são condicionados a refletir sobre a vida. “É um momento de refletir sobre onde estamos errando, onde estamos acertando e pedir a graça de Deus. E também uma semana de mais silêncio”, diz.
Os sete dias são marcados por uma série de ritos, começando pelo Domingo de Ramos, no domingo que antecede a Páscoa. Na Quinta-feira santa, é celebrada a Missa dos Santos, onde são abençoados os óleos utilizados pelos padres, incluindo o do batismo. Na parte da noite, acontece a celebração da Missa do Lava pés, onde Jesus, por intermédio dos sacerdotes, lava os pés dos discípulos.
Já na Sexta-feira Santa, acontece a restrição da carne vermelha e o jejum. “Nesse momento, nós somos chamados a contemplar mais de perto o seu sangue derramado, seu sacrifício por amor. Dentro da celebração nós temos o beijo da Cruz, onde nós beijamos a Cruz que foi a causa da nossa salvação.”, detalha o Padre.
No sábado, dia que antecede a ressurreição, os fieis fazem a vigília, para celebrar a morte e ressurreição de Jesus. O rito é consagrado com a ‘benção do fogo’, que segundo o padre, “é o próprio Cristo, que é a luz do mundo”.
Renúncia da carne vermelha
Segundo o padre, os católicos são condicionados a evitarem o consumo de carne vermelha toda sexta-feira, independente da época do ano. No entanto, é durante a Quaresma que a prática ganha mais força.
Os católicos costumam evitar carne vermelha como forma de penitência e sacrifício. Essa prática lembra o sofrimento de Jesus e é um gesto simbólico de renúncia.
A abstinência de carne é mais sorte ainda na Sexta-feira Santa, dia da morte de Cristo, como sinal de respeito e reflexão. A carne vermelha, por ser associada a festas e celebrações, é substituída por alimentos mais simples, como o peixe.
“É um sacrifício que a gente faz, lembrando o sangue derramado de Jesus. Então não comemos carne vermelha”, resume Rosenei.
Quaresma
A Quaresma é um período de 40 dias que antecede a Páscoa no calendário cristão. Ela começa na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Páscoa. Durante esses dias, os fieis são convidados a praticar jejum e abstinência, caridade e oração.
Esse tempo simboliza os 40 dias que Jesus passou no deserto, em jejum e oração, antes de iniciar sua missão pública. Por isso, a Quaresma é vista como um tempo de reflexão, conversão e preparação espiritual.
Segundo o padre, os católicos fazem penitência nesses 40 dias, e abdicam de algum prazer, comumente alimentício, como forma de se ‘fortalecer’ em suas próprias vontades.
“Um exemplo: eu gosto muito de doce e eu não consigo dizer não a um doce. Então eu, na Quaresma eu faço penitência de doce, para que então eu me fortaleça na minha vontade. Se eu posso dizer não [para o doce], posso dizer não a outras coisas que vão me fazer mal. Então não deixo minha vontade mais rebelde, eu a submeto. [Isso faz bem] para minha conversão, para minha libertação, para meu crescimento espiritual”, finaliza o padre. (Midiamax)