03/12/2012 08h31
A preocupação maior, por Waldir Guerra
Pela importância e pelo número de eventos esportivos relevantes que o Brasil tem pela frente, como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada em 2016, a pressa em concluir estádios já não é a preocupação maior.
Os estádios estarão prontos, sim, e se algum deles não estiver concluído ainda haverá a possibilidade de transferir os jogos; afinal, essa Copa tem cidades indicadas até demais.
Toda semana há reportagens mostrando a evolução dessas construções gigantescas, mas e o que se faz para garantir a segurança nesses eventos?
Desculpe caro leitor, mas ultimamente ando angustiado com essa queimação de ônibus; não pelos estragos, pois os bandidos se dão à elegância de mandar desembarcar os passageiros, mas pela ousadia deles. Parece que querem dominar a polícia! E pior. Está acontecendo em São Paulo, no Rio e agora em Santa Catarina. Parece que a coisa está se espalhando pelo país todo. Mas a troco de quê, afinal?
Evidente que se gasta dinheiro demais com estádios quando se deveria gastar mais em segurança e preparando melhor os policiais; aumentando a quantidade deles e pagando-lhes salários melhores – assim diminuiriam os subornos e a corrupção. E é verdade! Eles ganham mal e muitos se corrompem por conta disso. A comparação pode ser feita com a Polícia Federal. Esta tem índices de corrupção baixos e tanto é verdade que hoje a população confia na PF – e ela faz por merecer essa confiança.
Estádios são obras e podem até ter prazos fixos para sua conclusão, mas não é o mesmo que educar toda uma população preparando-a para receber centenas de milhares de pessoas nesses próximos eventos. Mais, saber que as imagens do país serão projetadas em milhões de lares do mundo inteiro durante os eventos e que, através delas, fixaremos ou não, o conceito que temos de ser um povo alegre. Pensar nisso é angustiante. E mais angustiante ainda é ver esses ataques e assassinatos de policiais acontecendo todo dia no Rio e São Paulo.
Esses três eventos, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíada irão projetar e formar nossa imagem lá fora de tal maneira que se formos competentes e provarmos que: realmente somos o povo mais alegre do planeta; somos educados e recebemos bem os visitantes e temos sol e belas praias o ano todo, daí então, depois desses eventos, é só correr pro abraço porque nossa maior riqueza será a indústria do Turismo.
Vale à pena apostar nessa proposta!
Mas é preciso começar agora as campanhas de conscientização. Não podemos perder essas boas oportunidades.
Este assunto é de tamanha importância que o governo ao elaborar a Lei da Copa, Lei 12.663, de 5 de junho de 2012, deveria ter tido a precaução de inserir nela, não apenas garantias à FIFA, mas garantias aos turistas e ditar aos órgãos de segurança regras específicas para delitos e crimes contra turistas durante esses eventos.
Aos que pensam ser tarde para tomar essas atitudes agora se pode dizer que não há outra opção porque não há como descartar esses eventos; estamos comprometidos em realizá-los. E de mais a mais, também muito orgulhosos em termos sido indicados para promovê-los. Mas, cá pra nós, arriscarmos a ter assassinatos diários, como acontece hoje, em meio a uma Copa do Mundo, e pior, com algum turista, é botar tudo a perder.
Por isso, a construção de estádios, não deveria ser a preocupação maior.
- Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal.
Por: Folha de Dourados