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A Rua, o Livro, a Padaria e o Boca: Carta Aberta da Feira Livre será revelada neste sábado

José Henrique Marques –

Amigo é coisa pra se guardar / Debaixo de sete chaves / Dentro do coração / Assim falava a canção… (Trecho da música Canção da América, de Milton Nascimento)  

Na manhã deste sábado (31), a família e amigos de Ilson Venancio, o Boca, realizarão um desejo do multiartista falecido em 26 de julho: lançar o livro “A Feira Livre da Rua Cuiabá – Sua História e Cultura, da Formação ao Patrimônio Público Cultural”, na “Padaria da Rua Cuiabá”, a Pão Dourado.

A padaria do empresário Everaldo Dias Leite [há anos referência como ponto de encontro de políticos e empresários] numa esquina das ruas Cuiabá e Independência é simbólica quanto a história do comércio popular e informal da cidade. Afinal, ela está localizada no início ou no final da antiga Feira Livre da Rua Cuiabá?

Há controvérsias. O próprio Boca Venancio tinha dúvidas se era ali ou na esquina da Avenida Presidente Vargas, mais no centro de Dourados. Ele mesmo lembrava que no terreno da frente da padaria, onde hoje está edificada a Igreja Assembleia de Deus, era parada de caminhões que vinham da zona rural, de municípios da região e até mesmo de outros estados carregados de mercadorias.

Por ser emblemática e pela amizade que tinha com Everaldo Leite, Boca pretendia lançar o novo livro na padaria, assim como também na Feira Livre “Prefeito João Totó Câmara”, na rua Cafelândia, no Jardim São Pedro, região do Jardim Água Boa, para onde foi transferida há quase 8 anos, no final da gestão do então prefeito Murilo Zauith.  Ele havia combinado, com o prefeito Alan Guedes.

No evento deste sábado será tornada pública a Carta Aberta da Feira Livre de Dourados. Trata-se do último e inédito texto do escritor Boca Venancio, escrito com informações que coletou com os feirantes e dirigido aos candidatos nas eleições deste ano. O conteúdo é sucinto, respeitoso e propositivo.

Assim como na Câmara Municipal, onde aconteceu o primeiro lançamento do livro, em 21 de junho, o evento na calçada da Padaria Pão Dourado terá a performance de artistas retratados na obra de Boca Venancio, que frequentaram a Feira da Rua Cuiabá, como o dançarino Rilvan Barbosa, o poeta Emmanuel Marinho e o artista plástico Cleir Ávila. O harpista Rafael Deboleto e o capoeirista Mestre Guerreiro não estarão na cidade.  Na “canja” musical, Fernando Dagata e João Martinelli.

A Rua, o Livro, a Padaria e o Boca: Carta Aberta da Feira Livre será revelada neste sábado

O lançamento póstumo está sendo organizado pela esposa Creilda, as filhas Flora e Celeste e o genro Marcus Vinicius, o Marcão, com o apoio da escritora Denise Caramori, do escritor Carlos Magno Mano Amarilha e deste jornalista.

A Rua, o Livro, a Padaria e o Boca: Carta Aberta da Feira Livre será revelada neste sábado

Sobre o amigo, Denise Caramori escreveu: “Dia 31 de agosto vamos nos reunir em homenagem póstuma ao nosso amigo Boca. Porque sempre nos recordaremos dele com muito carinho e saudade. Uma homenagem merecida pelo grande homem que foi, companheiro e amigo, compartilhou com a gente, paz e tranquilidade, com sorrisão característico e um abraço cheio de acolhimento, contando suas histórias, cheinho de conhecimentos e mostrando-nos que a felicidade está no percurso de cada dia, e é assim que eu sempre vou me lembrar dele”.

Já Mano Amarilha lembrou que “Ilson Venâncio o ‘Boca’ é um poeta-compositor-músico-ator-militante que, com esta combinação, fez um caldo cultural com salada artística misturado com plasticidade e historicidade de vidas e talentos. Boca faz uma viagem no tempo e protagoniza uma parte da história vista de baixo, ou seja, da cultura, da arte pura e privilegia o artista com letras maiúsculas, faz entrevistas de idas e vindas, com quem pensa, cria, produz, encena, faz a cena, escreve, canta, toca, fotografa, dança, pinta, filma, representa, reapresenta os artistas com uma beleza douradense”.

“O Ilson Boca Venâncio foi o primeiro artista que conheci pessoalmente, na casa de Vander Verão. Sempre militou nas artes, como poeta, compositor, ator e organizador de eventos culturais. Participou do grupo musical araticum, viajou o Brasil e América Latina com apresentações teatrais, produziu eventos diversos (feiras de artesanato, Show da Paz, festivais de teatro). Foi “anfitrião” do Museu Histórico de Dourados por muitos anos, contando cada detalhe da história que conhecia”.

“Tive o prazer e honra de prefaciar seus dois livros impressos. O ‘Boca’ não morreu, pois, suas obras permanecerão”, concluiu.

Mano ainda citou a seguinte composição do Boca Venâncio, de 2001:

Química Gêmea (Boca Venâncio)

Foi tão veloz/que levantou poeira

Meu coração/não quis marcar bobeira

Foi tanta emoção/tanto amor/tanto viver

Meu coração/só quer prazer.

Como tanta emoção/tanta amor

Tanto querer/meu coração

Só quer viver.

Como um passarinho

Bem-te-vi   Bem-te-vi

Você passar por mim

Nas ruas, nas festas/na cidade

Bem-te-vi como vai

Você passar por mim.

E veio a primavera

Meu amor, tanto amor

Meu coração de passarinho

Beija-flor beija a flor

Você meu grande amor

Mais tudo tem seu preço

Teu avesso/

Quando o sonho chega ao fim

Veio a tempestade destruiu

Nosso jardim/

Foi tão cruel

Que quase fiz besteira

Meu coração não só de brincadeira

Agora estou aqui /já sem saber de mim

Vou me aguarrando em ti

Foi tão mal.

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