Giovanna Estrela, Manoela Alcântara e Jéssica Eufrásio, do Metrópoles –
O mundo se despediu, neste sábado (26/4), do papa Francisco, primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica. Após ser velado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e transportado para a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, o corpo do papa foi sepultado, por volta das 8h10 (horário de Brasília).
O Metrópoles transmitiu ao vivo a cobertura completa da despedida do papa Francisco, com apresentação da jornalista Natália André, entrevistas especiais, participação de especialistas e atualizações em tempo real diretamente de Roma.
Assista:
Cerca de 250 mil pessoas acompanharam a Missa das Exéquias do papa Francisco, entre cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos, embaixadores, famílias, pessoas carentes, migrantes, jovens e crianças, chefes de Estado e de governo, segundo o Vatican News.
Em números
- 5 mil foram os concelebrantes, entre cardeais, bispos e sacerdotes.
- 220 cardeais presentes.
- 40 as delegações de representantes de igrejas cristãs e de outras religiões.
- Mais de 160 delegações oficiais de chefes de Estado e soberanos.
- Ao todo, 50 mil pessoas participaram da missa na Praça de São Pedro – a capacidade máxima da área.
- E 200 mil acompanharam a celebração por meio de telões instalados em diferentes pontos das ruas.
O funeral começou às 10h do horário local – 5h no horário de Brasília –, com uma cerimônia presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
Por volta das 7h20 do horário de Brasília, teve início o cortejo fúnebre do papa Francisco pelas ruas do Vaticano. Em seguida, o caixão com o corpo do pontífice saiu da Basílica de São Pedro, rumo à de Santa Maria Maggiore, para ser enterrado em local de acesso público, conforme solicitado pelo próprio líder religioso.
Enquanto deixava o Vaticano, o papamóvel que transportava o caixão pelo caminho de mais de 4 km foi acompanhado por aplausos de pessoas nas ruas. Parte delas permaneceu em silêncio, enquanto outras gritavam “Viva Francisco”.
Pouco depois de chegar à Basílica de Santa Maria Maior, frequentada por Francisco desde os tempos de cardeal, o corpo dele foi sepultado durante uma cerimônia restrita, marcada por ritos religiosos e com mais homenagens fúnebres ao pontífice.
Veja o trajeto percorrido:

Arte Metrópoles
A Missa das Exéquias marcou o início do tradicional Novendiali, os nove dias de luto e orações dedicados à memória do pontífice. Após a celebração eucarística, ocorrem os ritos da Última Commendatio e da Valedictio, solenidades que simbolizam o encerramento oficial das exéquias.

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Homilia resgatou legado de união
Durante a homilia da missa, momento em que o celebrante comenta uma passagem do Evangelho da Bíblia, Giovanni Battista Re relembrou características de Francisco e comentou mudanças promovidas pelo líder religioso durante os anos de papado.
“O papa deixou uma marca de personalidade forte na Igreja [Católica]. Desejou estar próximo a todos, com especial atenção às pessoas em dificuldade, dedicando-se até o fim aos últimos da terra. Ele foi para o meio do povo, dedicando-se a todos, e atento ao novo que surgia na sociedade”, afirmou.
Leia aqui o discurso da homilia na íntegra
A sensibilidade de Francisco aos dramas das pessoas também foi lembrada pelo cardeal decano: “O papa compartilhou ansiedades, sofrimentos e esperanças de nosso tempo, além de se entregar a uma mensagem direta, de forma a atingir o coração das pessoas”.
“O fio condutor da missão dele foi a convicção de que a igreja é uma casa para todos, uma casa com as portas sempre abertas. E Francisco sempre colocou no centro o evangelho da misericórdia, sublinhando que Deus não se cansa de perdoar”, destacou Giovanni.
Jornalista brasileira rezou prece
Um dos momentos da missa fúnebre em homenagem ao papa Francisco contou com a participação de uma brasileira, que leu em português uma das preces da oração universal, declamada por fiéis como parte da cerimônia.
Bianca Fraccalvieri trabalha como jornalista no portal de notícias do Vaticano, o Vatican News, e foi uma das seis pessoas convidadas a participar do rito religioso que ocorre depois da homilia.
Nas missas no Vaticano, essa oração geralmente é feita em diferente idiomas. “Pelos povos de todas as nações, que, praticando incansavelmente a justiça, possam estar sempre unidos no amor fraterno e busquem incessantemente o caminho da paz”, declarou Bianca. Em seguida, os fiéis responderam: “Senhor, escutai a nossa prece”.
A Missa de Exéquias do papa Francisco, como parte das homenagens fúnebres ao pontífice que ocorrem neste sábado (26/4), teve a oração universal recitada em seis línguas: francês, árabe, português, polonês, alemão e chinês.
Ela incluiu, respectivamente, pedidos pelo papa Francisco, pela igreja sagrada de Deus, pelos povos de todas as nações, pelas almas de outros pontífices que faleceram, por todos os fiéis falecidos e por todos os presentes à missa.
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Trajetória de um papa singular
Francisco foi eleito em 13 de março de 2013, após a renúncia do papa Bento XVI. Nascido Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, capital da Argentina, foi o primeiro papa da América Latina e também o primeiro jesuíta a ocupar o cargo.
Durante mais de uma década de pontificado, destacou-se pelo estilo simples, pela preocupação com os pobres e com o meio ambiente e por buscar uma Igreja Católica mais aberta e inclusiva.
Entre os principais legados de Francisco, estão a encíclica Laudato Si’, sobre a ecologia integral, além do esforço constante por diálogo inter-religioso e pela paz global. Também marcou o papado o incentivo à reforma da Cúria Romana e o enfrentamento de temas sensíveis dentro da Igreja, como os casos de abusos sexuais cometidos por integrantes do clero.

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Ritos finais
Com a confirmação da morte de Francisco, os ritos iniciais foram conduzidos pelo cardeal camerlengo Kevin Joseph Farrell, responsável por retirar e destruir o “Anel do Pescador”, símbolo do pontificado, o que encerrou formalmente o papado.
Kevin Joseph também lacrou a residência e os escritórios papais, que permanecerão fechados até a eleição do próximo. O velório de Francisco, diferentemente da tradição e conforme o desejo dele, ocorreu com o corpo exposto em um caixão simples de madeira, com revestimento de zinco, sem fechamento e sem deposição em sarcófago.
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Líderes mundiais comparecem ao velório
O Vaticano confirmou a participação de 130 delegações oficiais, inclusive de 50 chefes de Estado e 10 integrantes da realeza. Entre os presentes estão o presidente da Argentina, Javier Milei, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que embarcou para Roma na quinta-feira (24/4), acompanhado de representantes dos Três Poderes.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também esteve presente, ao lado da primeira-dama Melania Trump. Outros líderes internacionais confirmados incluem Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Olaf Scholz (Alemanha) e Volodymyr Zelensky (Ucrânia) – que propôs um encontro com Trump em Roma. O príncipe William representou o rei Charles III no funeral.
Em funerais anteriores, cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes no de Bento XVI, em 2023, enquanto mais de 300 mil acompanharam a despedida de João Paulo II, em 2005.

Arte/Metrópoles
O que acontece depois
A Igreja Católica entra agora no período de novendiales, que se estende por nove dias com missas e orações diárias. Durante esse tempo, os cardeais se reúnem em congregações gerais para tratar de assuntos administrativos urgentes e organizar o conclave que elegerá o sucessor de Francisco.
O conclave, que ocorre na Capela Sistina, é uma votação secreta que deve se dá entre 15 e 20 dias após a morte do papa. A definição do nome eleito é sinalizada pela tradicional fumaça branca que sai da chaminé da igreja.
A missa de posse do novo papa costuma ocorrer até cinco dias após a eleição dele, mas a data exata será definida pelo próprio pontífice eleito.