Com o carimbo de murilista na testa, novo prefeito terá que torcer por revés de Azambuja nos tribunais

Valfrido Silva, jornalista do blog Contraponto MS

Por todo o quiproquó que sua eleição provocou no âmbito do governo do estado o prefeito Alan Guedes vai ter que se apegar a todos santos e orixás para que Dourados não venha a pagar caro por todas as lambanças políticas desses últimos dias. Como se não bastasse o tamanho do pepino, herança de Délia Razuk, que terá que descascar. A esperança é de que seu “santo” padroeiro, o “São Murilo”, vire governador o mais rapidamente possível. Pelo menos – no mesmo diapasão do converseiro de bastidores desde que Reinaldo Azambuja assumiu o segundo mandato – deve ter sido este o argumento que convenceu o presidente da Câmara Municipal a aceitar a empreitada de peitar todo o poderio do governo do estado numa eleição que nem ele acreditava poder ganhar.

A aliança com o vice-governador e, muito mais, com o até então todo-poderoso secretário de infraestrutura Murilo Zauith, só “oficializada” após o pleito, era a garantia de que finalmente Dourados teria restabelecida uma parceria efetiva com o “novo” governo do Estado, para que obras como a revitalização da rua Hayel Bom Faker e do recapeamento de todo o quadrilátero central deixem de andar a passo de tartarugas. Sem falar, claro, do tão decantado hospital regional.

Alan Guedes talvez precise também elevar suas preces a “São Fachin” e “São Fischer”, cujos milagres podem salvar Murilo Zauith do calabouço”.

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O primeiro grande desafio de Alan Guedes, no entanto, veio antes mesmo até do anúncio da instalação da comissão transição, pelo açodamento daqueles que parece que não conseguem viver longe do poder. Na ânsia de se garantir, mais uma vez, como secretário de governo municipal, o ex-vereador fátima-sulense José Jorge Leite Filho, o Zito, resolveu mostrar sua capacidade de articulação e montou seu circo debaixo da mesma árvore que seu chefe Murilo Zauith gosta de despachar todas as sextas-feiras quando está em Dourados, na sede da Agesul. E lá se foram Alan Guedes e os novos vereadores, aliados e adversários! para receber, formalmente, as bênçãos do vice e quase governador Murilo Zauith. Foi a gota d’água para que o poderoso e habilidoso presidente tucano Sérgio de Paula partisse para o contra-ataque.

A coisa foi tão acintosa que no mesmo dia da apresentação e da entrega de Alan Guedes e da nova Câmara a Murilo o autor da façanha, o Zito, foi sumariamente demitido pelo governador, da secretaria comandada por seu vice. Ele e mais alguns cupinchas, como Sebastião de Almeida Filho, Tiãozinho, o encarregado da ponte política de Murilo com lideranças do interior do estado. Foi apenas o primeiro lote de demissões. Na segunda ou terceira fase elas seriam concluídas, com o próprio secretário fechando a lista, o que só não deve ter acontecido ainda por conta dos reveses que o governador Reinaldo Azambuja tem sofrido nas instâncias superiores do judiciário, onde correm os processos de corrupção contra seu governo.

Assim, além dos santos e dos orixás conhecidos, Alan Guedes talvez precise também elevar suas preces a “São Fachin” e “São Fischer”, cujos milagres podem salvar Murilo Zauith do calabouço. Caso contrário, a única saída para o novo prefeito será pegar um enxadão e tentar encontrar a tal cabeça de burro enterrada debaixo do monumento do tenente Antônio João Ribeiro, na praça que leva o nome do herói da guerra com o Paraguai.