06/12/2012 14h49
O povo brasileiro, por natureza, é criativo e empreendedor. Um exemplo que vem crescendo e que pode ser retratado como dedicação, inovação e empreendedorismo é o caminhoneiro que deixa de ser empregado para se tornar patrão dele mesmo, passando a administrar e empreender o próprio negócio.
Mauro Lima, de 31 anos, é um dos exemplos. Há 9 anos na estrada, hoje ele dirige um cavalo mecânico Mercedes Benz 1938 atrelado a um bitrem, comprado no início desse ano, depois que decidiu virar patrão.
Os quase uma década de profissão de Mauro foram de empregado. Ele diz que já ajudou muito patrão a pagar o caminhão, mas nesse ano resolveu por um fim na vida de empregado.
O caminhoneiro conta que não é fácil, mas que a dedicação e a fé que tem em Deus estão ajudando ele empreender bem seu negócio. “Consegui, graças a Deus, comprar meu caminhão. Esse sempre foi o sonho da família, meu pai foi quem me ensinou a profissão. Trabalhamos muitos anos como empregados em uma firma de Dourados, sempre procurávamos um meio para comprar o caminhão para tocar nosso próprio negócio, mas infelizmente, em 2009, meu pai faleceu, foi muito triste, pensei muitas vezes em parar de ser caminhoneiro, mas no início deste ano surgiu a oportunidade e realizei nosso sonho”, relata Mauro.
Empreender e gerir o negócio próprio é uma questão de muita dedicação, ainda mais quando o gestor está longe de casa, dentro da cabine de um caminhão. Perguntado sobre as dificuldades e como gerir o negócio na estrada, Lima conta que não é fácil.
“Você tem que ter sempre em mãos uma calculadora, uma caneta e uma agenda. Na agenda deve anotar todos os compromissos, o vencimento das contas, a hora de fazer revisão do caminhão e principalmente as contas, pois são elas que mostram o resultado do seu trabalho. Muitos motoristas que deixaram de ser empregados e adquirirem o caminhão próprio passam por momentos difíceis, mas é importante lembrar que quando você tem um negócio é essencial pensar como empreendedor e fazer um planejamento do seu negócio, ou seja, se uma carga custa R$ 100,00 a tonelada para uma certa distância você deve levar em consideração o desgaste do caminhão, pneus, freios, combustível, enfim, são muitos os fatores que farão você ter sucesso ou fracasso”, argumenta.
Para ele o planejamento, a inovação e a informação são fatores essenciais para manter o negócio no eixo, gerando resultados e lucro ao motorista. “Não é uma vida fácil, pois além de pagar o financiamento do caminhão é necessário arcar com as despesas do veículo e a depreciação do bem. Não adianta comprar um caminhão ou outro negócio qualquer sem ter muita informação sobre o negócio”, ensina.
E quem pensa que a vida de caminhoneiro é fácil está enganado. A profissão é uma das mais desvalorizados no país e no dia a dia o profissional enfrenta estradas péssimas, que causam grandes prejuízos. “Existem também postos de combustíveis que proíbem que caminhões parem em seus pátios. Com isso, o motorista não encontra na estrada nem mesmo um banheiro limpo para tomar banho”, comenta Mauro.
Nova lei
Recentemente a presidenta Dilma sancionou uma lei que dispõe sobre a jornada de trabalho do motorista, esquecendo que não há infraestrutura disponível para que a mesma seja cumprida.
“O governo e as autoridades ligadas à fiscalização e aos meios de transporte deveriam ouvir os motoristas, para que pudessem criar leis que dessem suporte aos motoristas. Essa lei do tempo de jornada é um ponto positivo, mas não existe nas estradas locais para que o caminhoneiro possa descansar”, explica Nelson Gargantini, que há cinco anos trabalha como caminhoneiro.
Pela lei, o caminhoneiro ou motorista profissional deve ter intervalo mínimo de uma hora para refeições e intervalo de repouso diário de 11 horas a cada 24 horas e descanso semanal de 35 horas.
Mauro argumenta e explica que a lei que regulamenta a jornada de trabalho contribuirá para o aumento do roubo de caminhões nas estradas, pois além do fato de não existir local apropriado para parar o caminhão na estrada, o Estado não oferece segurança ao motorista.
“Todo caminhoneiro está na estrada para levar o sustento para sua família, mas o governo deveria fiscalizar as condições que nós enfrentamos nas estradas, para aí sim criar leis que amparam os caminhoneiros”, comenta Lima.
Por: Dourados Agora

