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Começa a transição: cuidado, Marçal, a Funsaud levou Alan à derrota e precisa ser extirpada

José Henrique Marques –

A dura derrota de Alan Guedes para Marçal Filho nas eleições municipais de 6 de outubro, pode ser atribuída a uma série de erros administrativos e políticos cometidos ao longo dos últimos quatro anos. Uns justificáveis, outros nem tanto. Mas, com certeza, de longe, o que impediu a reeleição do atual prefeito foram problemas relacionados à saúde pública.

Tanto é verdade que nos últimos 12 meses a administração se recuperou com ações nos bairros com tapa-buracos, iluminação pública, limpeza urbana e lançamentos de obras do Fonplata. Mas, não mudou a contento a realidade nos postos de saúde.

Por outro lado, invariavelmente superlotados, com falta de médicos, de vagas, de medicamentos e de insumos, a UPA e o Hospital da Vida [administrados pela Funsaud] potencializam o sofrimento da imensa maioria da população que precisa de atendimento do SUS.

Não restam dúvidas de que a saúde pública tem sido o gargalo das três últimas administrações municipais, de Murilo Zauith, passando por Délia Razuk até Alan Guedes.

Não restam dúvidas de que a saúde pública tem sido o gargalo das três últimas administrações municipais

A crise na saúde havia sido amenizada pelo ex-prefeito Laerte Tetila, que nos oito anos à frente da Prefeitura (2001 a 2008), criou o Hospital de Traumas e Urgências (depois denominado por Ari Artuzi como da “Vida”), o Hospital Universitário, a UPA e o Samu.  

Com a demanda em constante crescimento, Murilo, depois de Artuzi, idealizou a Fundação de Serviços de Saúde de Dourados, a famigerada Funsaud. Passados poucos anos, o tiro saiu pela culatra, o príncipe virou sapo, um cabide de empregos e um sumidouro de dinheiro público, embora, registre-se, nenhuma irregularidade maior foi até agora identificada pelo Ministério Publico de MS e nem pelo conselho curador, que levasse ao fim esse câncer na saúde pública de Dourados.

registre-se, nenhuma irregularidade maior foi identificada pelo MPMS e nem pelo conselho curador, que levasse ao fim esse câncer na saúde pública de Dourados.

É balela, a justificativa da lei complementar nº 245, de 03 de abril de 2014, que criou a Funsaud, que a entidade tem “por finalidade o planejamento, a organização e a execução de ações e serviços de saúde na área hospitalar e ambulatorial em nível especializado e de urgência e emergência no âmbito do Sistema Único de Saúde, podendo também desenvolver atividades de educação permanente, ensino e pesquisa científica e tecnológica na área da saúde”.

A verdade é que o prefeito eleito Marçal Filho receberá uma instituição sem controle, fiscalização, falida e prestando serviços precários a comunidade. Qualquer técnico da área de saúde indicaria sua paralisação e a entrega para iniciativa privada, diante do fracasso do modelo até então empreendido, que se mostra insustentável.

Marçal Filho receberá uma instituição sem controle, fiscalização, falida e prestando serviços precários a comunidade

Sem mecanismo de controle, com fiscalização superficial, a Funsaud é um poço de fundo, uma massa falida. Como não tem portal de transparência, estima-se que a dívida atual seja de R$ 100 milhões, com déficit mensal por volta de R$ 4 milhões. Os indicados por Marçal Filho na transição devem analisar nas entrelinhas o demonstrativo financeiro, cuja gestão recebe mensalmente recursos tripartite (federal, estadual e municipal), na ordem de 6,2 milhões.

Os indicados por Marçal na transição devem analisar nas entrelinhas o demonstrativo financeiro, cuja gestão recebe mensalmente recursos na ordem de 6,2 milhões.

A Funsaud não possui portal de transparência efetivo que contenha o custo real com funcionários, licitações em execução ou finalizadas, contratos e convênios vigentes e expirados, as despesas, o patrimônio, as dívidas (passivo tributário e com fornecedores), enfim é tudo nebuloso.

O contrato de gestão que existe entre prefeitura e Fundação é precário nos mecanismos de controle, execução e fiscalização, pois nem o Tribunal de Contas nem a Câmara de Vereadores têm acesso real ao balanço patrimonial da entidade.

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