fbpx

Desde 1968 - Ano 56

19.8 C
Dourados

Desde 1968 - Ano 57

InícioColunistaDia 13 de abril de 2025

Dia 13 de abril de 2025

José Tibiriçá Ferreira Martins (*) –

Caiu num Domingo de Ramos, nesse dia Jesus Cristo montado num jumento entrou triunfalmente na cidade de Jerusalém, como aprendemos na escola dominical e foi saudado pela população com ramos, daí ser chamado de domingo de ramos. Como o domingo também é chamado de dia do senhor, marca assim o início da Semana Santa.

Os nossos ancestrais faziam jejum, se abstiam de muita coisa nessa semana. Não comiam carne, depois foi liberado pela Igreja católica, com exceção da sexta-feira. Nas emissoras de rádio só se ouvia músicas sacras e no periodo da quaresma até a sexta-feira não havia bailes, todos aguardavam ansiosamente a chegada do sábado, chamado de sábado da aleluia, aí todos estavam liberados. Na sexta- feira não se varria a casa, era um dia de oração, não se ordenhava as vacas, assim era o costume na nossa casa na Chácara São João e Penha na Picadinha.

Ali ainda há uma capelinha onde rezávamos o terço e além da imagem do São João, padroeiro da propriedade tinha outros santos, um lugar sagrado para mim onde minha mãe costumava frequentar e mantemos o hábito. Minha mãe e a vó faziam chipa, chipa guassu e outras guloseimas para ser consumido na semana. Meu tio José que morava a 200 metros da nossa casa assava esses produtos em fornalha e a gente fica na espera para experimentar. Eu já adulto costumava preparar um judas no capricho para colocar no portão dos parentes. Era interessante, hábito tradicional da nossa família. Não existia energia elétrica e facilitava a colocação, mas tomava-se o cuidado de não ser surpreendido com o latir dos cachorros para não despertar os primos.

Morando em Dourados construí o último judas que foi colocado na esquina da Rua João Vicente Correia com a João Cândido Câmara, residência do médico Ilço Aguiar e Angelina Aguiar, sua esposa e minha prima, ambos falecidos há mais de 4 anos em consequência da covid 19.

Ela ao acordar abrindo a porta da frente levou aquele susto e no primeiro momento veio à sua cabeça que o dito cujo podia ser alguma pessoa que veio fazer alguma consulta, mas tinha falecido ali.

Seu marido médico tinha o costume de atender fora de hora muitos de seus clientes. Caindo em si, lembrou que era semana santa e aquela figura era o Judas. Telefonou-me contando sobre o susto que levou, ela sabia que eu tinha o costume desses feitos.

Os anos se passaram, abandonei este hábito de colocar esse personagem na sexta-feira durante a noite, porque o costume já estava ultrapassado. Hoje os mais jovens têm outro comportamento e a semana santa tornou-se algo mais comercial e a lembrança está apenas na aquisição do ovo da Páscoa que é outro simbolismo.

Uma boa Páscoa para todo mundo.

Dourados-MS, 14 de abril de 2025.

(*) Advogado e produtor rural na Picadinha.

- Publicidade -

ENQUETE

MAIS LIDAS