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Educação militarizada sob a lente do espiritismo: reflexão necessária para Dourados

Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –

A proposta de implementar escolas cívico-militares em Dourados suscita uma profunda reflexão sobre a natureza da educação e seus impactos na formação do indivíduo e da sociedade. Ao analisar essa questão sob a perspectiva da Doutrina Espírita, evidencia-se uma incompatibilidade fundamental entre os princípios da educação militarizada e os preceitos espíritas.

A educação militarizada, com as raízes em estruturas hierárquicas e disciplinares, frequentemente suprime valores essenciais como a empatia, a solidariedade e o respeito à diversidade. Ao enfatizar a obediência e a conformidade, esse modelo educacional dificulta o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e do pensamento crítico, tão necessários para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

A educação espírita, por sua vez, busca o desenvolvimento integral do ser humano, englobando os aspectos físico, mental, moral e espiritual. Ao valorizar o livre-arbítrio, a educação espírita incentiva os estudantes a refletir sobre suas ações, a tomar decisões conscientes e a construir um caráter sólido fundamentado nos princípios morais. A empatia, a compaixão e o amor ao próximo são pilares fundamentais da educação espírita, que busca formar cidadãos conscientes e comprometidos com o bem comum.

A imposição da disciplina rígida e hierárquica nas escolas cívico-militares pode gerar um ambiente hostil e opressivo, que dificulta o desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis. A competição exacerbada e a valorização da força física em detrimento da inteligência emocional podem levar à exclusão social e ao isolamento. Em contrapartida, a educação espírita valoriza a cooperação, a solidariedade e o respeito mútuo, promovendo um ambiente de aprendizagem acolhedor e inclusivo.

A educação militarizada, ao enfatizar a obediência e a conformidade, restringe o desenvolvimento da individualidade e da criatividade. A diversidade de ideias e de perspectivas é suprimida em prol de um padrão único, o que limita o potencial de cada estudante. Essa abordagem contradiz o princípio espírita da livre manifestação do pensamento, que reconhece a importância da diversidade para o progresso da humanidade. A educação espírita celebra a singularidade de cada indivíduo e incentiva a busca constante por novos conhecimentos e experiências.

A disciplina, quando imposta pela força, pode gerar ressentimento e rebeldia, dificultando o desenvolvimento da autodisciplina, que é a capacidade de autocontrole e de seguir princípios morais por livre escolha. A educação espírita busca cultivar a autodisciplina através do desenvolvimento da consciência moral e do entendimento das leis naturais.

Ao analisar as motivações políticas por trás da implementação das escolas cívico-militares, percebe-se que muitas vezes esse modelo é utilizado como instrumento de controle social e de reprodução de padrões de desigualdade. A educação espírita, por sua vez, tem como objetivo a libertação do espírito, a busca pela verdade e a construção de um mundo mais justo e fraterno.

Diante desse cenário, é fundamental buscar alternativas pedagógicas que estejam alinhadas com os princípios da doutrina espírita. Modelos como a pedagogia libertadora, a pedagogia da presença e a pedagogia Waldorf oferecem abordagens mais humanizadas e inclusivas, que valorizam a autonomia, a criatividade e a cooperação.

A formação de educadores é crucial para a implementação de um modelo educacional que promova o desenvolvimento integral do ser humano. É necessário preparar profissionais capazes de criar ambientes de aprendizagem acolhedores e seguros, onde os estudantes possam se sentir valorizados e respeitados. A formação continuada deve abordar temas como inteligência emocional, resolução de conflitos, diversidade e inclusão.

Em suma, a educação militarizada, ao priorizar a disciplina imposta sobre a liberdade e a autonomia, entra em conflito com os princípios fundamentais da doutrina espírita. Ao escolher um modelo educacional, estamos definindo o tipo de sociedade que desejamos construir. Optar por escolas cívico-militares significa negar a possibilidade de um futuro mais justo e fraterno, onde cada indivíduo possa desenvolver todo o seu potencial e contribuir para a construção de um mundo melhor. A educação espírita nos oferece um caminho promissor, ao valorizar o desenvolvimento integral do ser humano e a construção de um mundo mais fraterno.

É fundamental que a sociedade se mobilize em defesa de uma educação que promova a autonomia, a colaboração e o respeito às diferenças, preparando os jovens para os desafios do século XXI. A educação espírita nos oferece um guia para a construção de um futuro mais justo e humano, onde todos os indivíduos possam florescer e contribuir para a evolução coletiva de nossos espíritos.

A educação é o alicerce de uma sociedade mais justa e fraterna. Ao optar por um modelo educacional que prioriza a disciplina imposta sobre a liberdade e a autonomia, estamos condenando as futuras gerações a um futuro limitado e autoritário.

(*) Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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