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Escolas cívico-militares: abordagem crítica à luz dos prejuízos à Educação

Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –

Na esteira de um discurso que propaga a disciplina rígida e a segurança como soluções milagrosas para os desafios da educação pública brasileira, a militarização de escolas se apresenta como uma proposta em ascensão. No entanto, sob a superfície dessa promessa simplista, residem diversos perigos que ameaçam os pilares fundamentais da educação e o desenvolvimento integral dos estudantes.

  1. Apagando a Chama da Autonomia e do Pensamento Crítico:

Ao impor uma cultura hierárquica e autoritária, as escolas cívico-militares sufocam o debate crítico e a autonomia dos alunos. A disciplina rígida, muitas vezes confundida com obediência cega, inibe o questionamento, a expressão individual e a construção de senso crítico, elementos essenciais para a formação de cidadãos livres e engajados na sociedade.

  1. Homogeneidade Imposta: Atentado à Diversidade:

A padronização de comportamentos e valores preconizada pela militarização ignora a riqueza da diversidade presente nas escolas públicas. Essa padronização tenta apagar as singularidades dos alunos, reprimindo diferentes culturas, crenças e identidades.

  1. Criando Barreiras ao Diálogo e à Resolução Pacífica de Conflitos:

Ao invés de estimular o diálogo e a resolução pacífica de conflitos, a lógica militarizada promove uma cultura de punição e repressão. Essa abordagem ignora as causas raízes dos problemas disciplinares, como a falta de oportunidades e o contexto social desigual, e falha em desenvolver habilidades socioemocionais essenciais para a vida em comunidade.

  1. Desvalorização do Professor e da Carreira Docente:

A militarização das escolas representa um retrocesso na valorização da carreira docente. A gestão compartilhada com militares retira autonomia dos profissionais da educação, deslegitimando seu conhecimento e experiência pedagógica.

  1. Negação do Direito à Educação de Qualidade para Toda a Sociedade:

Ao invés de investir na qualidade do ensino para todas as escolas públicas, a militarização concentra recursos em um modelo excludente, beneficiando apenas alguns alunos em detrimento da maioria. Essa concentração de recursos aprofunda as desigualdades educacionais e mina o direito universal à educação de qualidade.

Em suma, a militarização das escolas públicas não se configura como a solução para os desafios da educação brasileira. Ao contrário, representa um retrocesso que compromete o desenvolvimento pleno dos alunos, a autonomia da escola e a qualidade do ensino público.

É urgente que o debate sobre a educação pública se paute por princípios democráticos, valorização da diversidade, investimento na qualidade do ensino e na formação de professores. Somente assim poderemos construir um futuro onde todas as crianças e jovens tenham acesso a uma educação que promova o pensamento crítico, a cidadania e o desenvolvimento integral.

Cabe à sociedade defender a escola pública como um espaço de liberdade, pluralidade e construção do conhecimento. É preciso questionar criticamente a militarização e lutar pela educação que seja verdadeiramente emancipadora e transformadora.

(*) Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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