Com idas e vindas de feriados e finais de semana, há quem prefira trocar o ritmo acelerado da cidade por uma viagem a um lugar mais tranquilo. Para Margareth Vieira Mello, uma turismóloga que vive e trabalha numa fazenda, ouvir o galo cantar e ver o sol nascer e se pôr pelo horizonte é o que dá sentido ao seu dia a dia. Acostumada à vida rural, ela é dona da Fazenda Pontal das Águas, que fica a 30 quilômetros de Campo Grande e é um exemplo de que pequenas mudanças de vida revelam sonhos inimagináveis.
Margareth sempre quis algo para chamar de seu. Ao olhar para sua fazenda, a paixão pelo lugar se transformou na possibilidade de um negócio e, assim, ela resolveu iniciar uma faculdade e se conectar com o turismo rural por meio do curso de Turismo. “Eu terminei meu curso com 50 anos. Foi uma chance de rejuvenescer e aprender, sabe? Eu acredito que esse lugar (Fazenda Pontal das Águas) me foi dado para um propósito”.
Foi através das aulas na faculdade que ela aprendeu sobre um método interessante para usar na sua fazenda: o day use. Essa foi uma proposta em que o turista passaria o dia na residência vivenciando um pouco da vida no campo, além de aproveitar o descanso e lazer para todas as idades. Em 2002, o lugar acolhedor, confortável e cheio de hospitalidade de Margareth e família abriu as portas para programações de turismo pela propriedade.
“Eu sempre tive muita preocupação com esses detalhes. O day use foi o que mais encantou as pessoas, porque você tinha oportunidade de viver um dia com os donos da fazenda, ouvindo o barulho dos pássaros, vendo a água sendo servida pelo dono com todo o cuidado. Então, eu acredito que foi isso que fez a Pontal ser o que é, um referencial de turismo”, conta a empreendedora do campo e pioneira na implantação do método day use no campo.
Segundo o Sebrae, o turismo rural é caracterizado pelo envolvimento dos turistas com as atividades do campo e as pessoas do local, por meio do contato mais direto com a natureza, a agricultura e hábitos regionais. O serviço pode ser administrado pelo grande e o pequeno produtor rural, as cooperativas agrícolas, a agricultura familiar e as comunidades locais, por exemplo.
A paixão que a turismóloga sente pela sua vida no campo carrega valores inegociáveis desde antes de iniciar sua jornada empreendedora. “Eu acredito que o outro diferencial, além de mostrar a vida no campo, é o amor pela vida no campo, é honrar essa vida do pequeno produtor. Hoje a gente trabalha com criação de porcos, ovelhas, aves, tudo isso com o objetivo de o turista também poder levar para casa aquilo que ele viu produzir aqui. E, em paralelo, nós temos a produção de bolos, doces, geleias, frutas, aqueles doces em compota — tudo isso produzido com as coisas aqui da fazenda”, comenta.
Após a pandemia e por conta de questões pessoais, Margareth decidiu reposicionar a empresa de uma maneira mais leve, para poder administrá-la sozinha sem perder sua filosofia de vida no campo. Esse potencial adaptável foi estimulado pelos cursos que realizou no Sebrae/MS, em que teve certeza de que a mudança também faz parte do desenvolvimento empreendedor. “Eu não tinha noção de que cursos eram, e coincidiu que eu fiz um curso para eventos, e quando eu contei a minha história e o que eu queria fazer, a sala inteira, o instrutor, todo mundo abraçou a minha causa. Então foi um trabalho que nasceu a muitas mãos, não é só a minha”, lembra.
Atualmente, a fazenda recebe eventos de diferentes modalidades, desde o corporativo até as celebrações mais tradicionais, como casamentos e aniversários. Já no domingo no período da tarde, ainda é possível fazer um piquenique com a família no local, uma maneira de voltar com o day use. Nesse caso, Margareth pôde preservar o estilo e propósito da construção ao implantar melhorias para receber os turistas.
Horizonte de Oportunidades
No ano passado, uma delegação de cerca de 20 mulheres participou da primeira Missão Internacional promovida pelo Sebrae/MS para empresárias, e o destino escolhido foi a região de Tarapacá, no Norte do Chile. A aproximação com o mercado internacional foi mais uma oportunidade vivenciada por Margareth Vieira, que hoje também aposta na conexão com novos mercados para diversificar sua atuação e cativar diferentes perfis de visitantes.
“Eu não quero aposentar e eu acredito que tenho muita coisa para fazer ainda. Sempre tive o Sebrae como um grande motivador para mim e isso foi mais um presente: acreditar que uma mulher com 70 anos não quer parar, quer aprender e ensinar aquilo que faz de uma maneira simples e organizada”, compartilha com emoção.
Essa viagem, realizada por meio do programa Sebrae Delas, superou expectativas e mostrou a ela que, assim como sonhar, o ato de empreender também não tem tempo certo. Aos 70 anos, Margareth pode afirmar que ser empreendedora significa ter criatividade de enxergar coisas que outros não conseguem. “O que eu vi lá é algo grandioso, fora de tudo aquilo que a gente podia imaginar, porque existe possibilidade não só para o meu negócio, mas para o negócio de todas as mulheres, desde que tenha uma boa ideia, faça com amor e tenha disposição de trabalhar”.
Um levantamento realizado pelo Sebrae, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) de 2023, mostra que existem mais de 4 milhões de donos de negócio 60+ como Margareth. “O mundo está aí. Eu, como mulher e mãe, já cumpri minha missão, então cuidar, investir, empreender, reinventar e acolher isso aqui hoje é o meu sentido de vida”.
O acesso à Fazenda Pontal das Águas é feito pela BR-262, sentido Três Lagoas, e sua entrada se localiza a apenas 14,2 km do Anel Rodoviário (4,6 km após o Autódromo Internacional). A sede está localizada a menos de 1.400 metros do asfalto.
Para mais informações sobre cursos e ações de capacitação do Sebrae/MS que impulsionam os pequenos negócios, entre em contato pela Central de Relacionamento no número 0800 570 0800 ou acesse o site ms.sebrae.com.br.
