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Implementação de escolas cívico-militares em Dourados: retrocesso econômico e social

Reinaldo de Mattos Corrêa (*) –

A recente decisão da Câmara Municipal de Dourados em adotar o modelo de escolas cívico-militares na rede pública de ensino representa um grave retrocesso para o município. Essa medida, além de violar princípios pedagógicos, traz consigo sérios impactos econômicos e sociais que merecem ser amplamente debatidos.

Em primeiro lugar, a implantação de escolas cívico-militares demanda um investimento considerável de recursos públicos. A contratação de pessoal militar, a aquisição de equipamentos específicos e a adaptação das infraestruturas escolares exigem um dispêndio financeiro que pode ser melhor empregado em outras áreas da educação, como a valorização dos professores, a compra de materiais didáticos e a oferta de programas de formação continuada. Ao direcionar recursos para um modelo educacional experimental e de eficácia duvidosa, a administração municipal está desperdiçando a oportunidade de investir em soluções comprovadamente eficazes para a melhoria da qualidade do ensino.

Além dos custos elevados, a militarização das escolas pode levar a um aumento da evasão escolar, especialmente entre os alunos de famílias de baixa renda. A rigidez da disciplina militarizada, a hierarquia e a falta de flexibilidade podem gerar um ambiente escolar hostil e desmotivador para muitos estudantes, levando-os a abandonar os estudos. Essa consequência é extremamente prejudicial para o desenvolvimento econômico local, uma vez que a educação é um fator fundamental para a geração de emprego e renda.

Outro impacto negativo da militarização das escolas é a segregação social. Ao optar por um modelo educacional que privilegia a disciplina e a ordem, em detrimento da autonomia e da participação dos estudantes, a administração municipal contribui para a reprodução das desigualdades sociais. As famílias de maior poder aquisitivo tendem a buscar escolas privadas, enquanto as famílias de baixa renda ficam restritas às escolas públicas militarizadas, o que limita as oportunidades de ascensão social e dificulta a construção da sociedade mais justa e igualitária.

É importante ressaltar que a militarização das escolas não é a solução para os problemas da educação. Diversos estudos demonstram que a eficácia desse modelo é questionável e que existem outras alternativas mais eficazes para melhorar a qualidade do ensino, como a valorização dos professores, a participação da comunidade escolar na gestão das escolas, a oferta de atividades extracurriculares e a implementação de projetos pedagógicos inovadores.

Ao invés de investir em soluções comprovadamente eficazes, a administração municipal de Dourados aposta em uma medida que pode ter consequências negativas a longo prazo para a educação e para o desenvolvimento da cidade. É fundamental que a sociedade civil se mobilize para contestar essa decisão e exigir que a administração municipal priorize investimentos em educação de qualidade, que promovam a igualdade, a inclusão e o desenvolvimento integral dos estudantes.

A educação é um direito de todos e deve ser garantida por meio de políticas públicas que valorizem a diversidade, a autonomia e a participação dos estudantes. A militarização das escolas representa um retrocesso histórico e um ataque à democracia. É preciso que a sociedade se una para defender a educação pública de qualidade, que prepare nossos jovens para os desafios do futuro e contribua à construção de um País mais justo e igualitário.

(*) Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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