Edson Moraes, jornalista –
Caro deputado Rafael Tavares.
Não tenho sua procuração para defendê-lo, porém mesmo assim sinto-me autorizado a fazê-lo. Afinal, sou eleitor, no livre exercício dos direitos civis, e tenho a compreensão e a consideração pelo fato de o senhor ser mais uma vítima da ignorância.
Como não soube evitá-la ou ao menos enfrentá-la, optou, conscientemente, por fidelizá-la em seu mandato. Este é um bem que só tem serventia na claridade. Não sobrevive, aliás, nem nasce, em ambientes obscuros.
Mandato obtido nas urnas, pelo voto direto da sociedade, tem um significado muito maior do que um simples ato de escolher alguém para ser representante do povo ou, no mínimo, daqueles que o escolheram. No mínimo, deputado Rafael Tavares, como é mínima a minha estatura intelectual, contraponto ao tamanho ainda incalculável do amor que tenho pela democracia e pelo direito que o senhor tem de execrá-la, torná-la subjetiva aos seus olhos e sentidos.
Estou fazendo sua defesa, nobre parlamentar, porque quero seguir reconhecendo o direito de cada brasileiro de professar o credo que quiser, de acreditar ou não em qualquer deus, de servir ao amo que escolher e, especialmente, de ser livre para acertar e para errar – desde que não cause danos ao próximo, como fazem aqueles políticos que fazem o eleitor de escada para subir aos céus mesmo sabendo que anda para trás ou de cabeça para baixo rumo à fogueira-mor das ignorâncias.
Não se preocupe, nobre representante dos seus eleitores. Hitler fazia o mesmo. Pinochet, Ustra, Fleury, Somoza, Torquemada, Trump, Jair…opss, Jair que é aquele de extrema-direita mas só joga no time do fascismo castrense. Não me refiro ao Jair, o nosso Furacão que em 1970 balançava as redes adversárias no México enquanto no Brasil, deputado, nos subterrâneos, os seus ídolos de farda matavam, torturavam, seviciavam, censuravam e perseguiam quem fizesse uma poesia sobre a liberdade ou colhesse uma rosa vermelha para dar à namorada.
Este era o Brasil verde-amarelo. O Brasil dos patriotas que o senhor, deputado, tem de exemplo, quem sabe numa parede da sala ao lado do tio Sam, lambendo suas botas ou prestando continência à sua bandeira, no melhor estilo “american way of life”.
Por fim, deputado, perdoe-me se ouso defendê-lo e apoiar sua investida contra o Campo Grande News. Só me queixo de uma coisa: o senhor deveria ter avisado antes ao Lucimar Couto e à sua equipe de jornalismo que nada como um dia atrás do outro ou, no seu caso, de santa imunidade, um dia sobre o outro, porque é assim a liberdade de expressão que defende.
UUhh! AAHaa! O cadafalso é nosso!!!!!
Tô contigo e não abro, carcereiro!