Morreu nesta quinta-feira (26/12), aos 80 anos, o ator Ney Latorraca, no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o último dia 20 na Clínica São Vicente, localizada no bairro da Gávea, em decorrência de um câncer de próstata. A causa do falecimento foi uma sepse pulmonar.
Com uma trajetória artística de mais de 50 anos, Ney Latorraca marcou gerações no teatro, na televisão e no cinema. Filho de um crooner e de uma corista, a arte esteve presente em sua vida desde o nascimento. Sua carreira começou ainda na infância, com atuações em radionovelas e peças de teatro estudantil.
Na televisão, iniciou como figurante e, com o tempo, alcançou o estrelato em novelas, séries e programas humorísticos. Em um depoimento ao Memória Globo, ele afirmou: “Ator já nasce ator. Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver. Sempre fui uma criança diferente: às vezes, tinha que dormir cedo porque não havia o que comer. Então, até hoje, para mim, estou no lucro”. Sobre o impacto da fama, comentou em entrevista ao Persona In Foco, da TV Cultura: “O sucesso mexeu comigo, não sabia que o sucesso era tão violento desse jeito. Fiquei com medo na época, fiquei doente”
Em 2012, Ney enfrentou um grave problema de saúde, ficando internado por quase 50 dias na UTI após uma cirurgia de retirada da vesícula que resultou em inflamação nas vias biliares, afetando todo o corpo. Esse episódio o levou a refletir sobre sua vida e a planejar seu testamento. Sem filhos, Ney decidiu destinar seu patrimônio a projetos sociais e instituições de arte, reforçando seu amor e compromisso com o teatro, onde consolidou boa parte de sua carreira.
Personagens memoráveis e legado artístico
Ao longo de sua carreira, Ney Latorraca deu vida a personagens icônicos, como o Volpone em Um Sonho a Mais (1985), o vampiro Vlad em Vamp (1991) e Barbosa no humorístico TV Pirata (1988). Ele também integrou o elenco da novela Da Cor do Pecado e estreou na Globo em 1975, com a novela Escalada, onde interpretou Felipe, um playboy que conquistou o público.
Ney foi um dos poucos artistas a ter um contrato vitalício com a TV Globo, em uma decisão que destoou da política recente da emissora de priorizar contratos por obra. Apesar da longa carreira, levava uma vida discreta ao lado do companheiro, Edi Botelho, com quem esteve casado por 29 anos.
A última atualização em suas redes sociais foi em 2017, refletindo sua escolha por uma vida longe dos holofotes. No entanto, seu legado permanece vivo por meio de seus personagens, de sua dedicação à arte e do impacto profundo que teve no cenário cultural brasileiro. (Oscar de Barros, da Pensar Piauí)