Mesmo perdendo os movimentos corporais ao longo dos últimos anos, João Paulo do Prado Moura, de 10 anos, não abre mão de uma boa aventura esportiva. Recentemente, o menino que tem distrofia muscular de Duchenne, subiu o Morro do Ernesto para contemplar o pôr do sol no ponto turístico de Campo Grande.
“Senti uma paz, uma liberdade. […] É muito bonito lá em cima. Me senti muito incluído”, conta João Paulo sobre a experiência inédita.
A experiência inesquecível foi possível com o auxílio de uma cadeira adaptada e voluntários. Além disso, JP – como é conhecido – está sempre preparado pra se aventurar através esporte.
Por meio de um projeto, participa frequentemente de corridas de rua, além de já ter praticado tênis de mesa e escalada.
A distrofia muscular de Duchenne é uma doença genética rara que atinge apenas meninos. Provoca a degeneração progressiva dos músculos, causando também problemas cardíacos e respiratórios. JP foi diagnosticado prestes a completar 4 anos.
“Faltavam 20 dias para o aniversário dele. Você fica ‘E agora, o que que eu faço? Como vai ser?’ Você não sabe o que você vai fazer”, conta a mãe de JP, Roseli do Prado Ferreira, de 46 anos.
Até o diagnóstico, o campo-grandense apresentava sutis dificuldades de aprendizado e lento desenvolvimento motor. Com o passar dos anos e avanço da doença, perdeu os movimentos das pernas e passou a utilizar cadeira de rodas. Sem qualquer perspectiva de voltar a andar, JP começou a participar de corridas de rua, em 2023.
– Ele saiu emburrado, porque ele não queria sair de casa. Ele tava confuso, o olhinho dele não tinha nem brilho. Parecia que na cabecinha dele tava assim ‘Meu Deus o que eu vou fazer? Eu não ando mais, como vou correr? – lembra a mãe do menino.
Graças ao projeto Pernas Solidárias, JP já correu 14 provas acompanhado de voluntários. Segundo a mãe dele, a experiência transformou sua realidade.
“O João se tornou um menino muito confiante, mostrou uma vontade muito grande de viver. Fez com que o João se sentisse vivo e entendesse que a cadeira é um detalhe”, comenta Roseli.
As aventuras de JP não ficam apenas em terra. Corajoso, ele já participou de escaladas e tirolesa. Além do esporte, a fé é muito importante para toda a família, tanto que JP se tornou coroinha em uma igreja de Campo Grande.
De acordo com a ciência, a expectativa de vida para homens com distrofia muscular de Duchenne é em média 30 anos.
“Ela não para, é progressiva e degenerativa, até o ponto que atinge o coração e o pulmão. E aí, o paciente entra fazendo todo o tratamento possível, mas chega uma hora que o corpo não aguenta e para”, explica Roseli.
Familiares e amigos torcem para que o avanço científico no tratamento da doença possa fazer com que JP continue fazendo o que mais gosta: se aventurar. A rotina do pequeno conta com escola, fisioterapia e atividades da igreja. Apesar dos compromissos, sempre tem um espaço na agenda para uma nova experiência, como ver o Sol se pôr em um lugar inesquecível.