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O Perfil do assediador e às características das vítimas

Berenice de Machado Souza (*) –

A autora deste artigo foi vítima de assédio moral no trabalho e os efeitos negativos dessa vivência fez com que eu buscasse conhecer melhor acerca do assédio moral no trabalho. 

Como que surge o assédio? Qual o perfil do assediador? Como e quais as características das vítimas. Pois bem. O assédio ele surge de forma bem sorrateira. O perfil do assediador no trabalho público é ter o costume em ser arrogante, tendo necessidade a seu ver de controlar tudo com consequente falta de reconhecimento do trabalho dos outros que estão ao seu redor. O perfil do assediador vem ainda como forma de estar sempre com vigilância excessiva, advertências sem justificativa, fomento de desconfiança, desconsideração das opiniões dos outros. O assediador tem a característica ainda em criticar em público, ignorando a presença da pessoa assediada, promovendo punições humilhantes ou divulgar boatos ofensivos. O assediador costuma ser autêntico.

Outra característica do assediador é também ser motivado pela inveja e pela competição, buscando derrubar a vítima, e faz com que tudo dependa dele (do assediador) para aprovação, quando percebe que suas necessidades (o assédio) não estão sendo atendidas.

O importante é lembrar que o assédio pode de diversas formas e que nem todos os assediadores se encaixam nesse perfil. O que precisa estar atento é no reconhecimento dos sinais diversos de assédio e buscar ajuda quebrando a autocensura.

Por exemplo: No mês de julho de 2023, a Justiça do Trabalho divulgou nas redes sociais, a campanha: “É assédio ”, para auxiliar vítimas a identificar práticas abusivas.

Características das vítimas de assédio moral no trabalho público: Geralmente o assediado (vítima do assédio moral) é aquele que se destaca no ambiente de trabalho por alguma razão, por ser honesto em demasia, que fala o que pensa, que é brilhante na execução de suas funções, isso faz com que o assediador se sinta ameaçado, lhe traz insegurança, aumenta a soberba perante os colegas” – lhe dá impressão de concorrência – parece que a atenção está para qualquer um outro – menos para aquela assediador que busca preparar suas ferramentas  maléficas, sórdidas e bem sorrateira ou procura desequilibrar o trabalho de quem vem realizando um bom trabalho para a chefia, sendo potencial alvo de assédio moral por parte desses.

Outros tipos de vítimas do assédio moral no trabalho público: Homens em grupo de mulheres, mulheres casadas ou com filhos pequenos, pessoas com orientação sexual, religiosa ou até mesmo a cor da pele diferente da pessoa que assedia. Acrescente-se ainda que o assédio moral vem também com recado emitido pelo superior hierárquico através de terceiros – colegas de trabalhos no mesmo nivel subalterno de quem está sofrendo o assédio, com comunicação indireta, não olha para a pessoa que sofre o assédio e nem fala com decência, sempre menosprezando e deixando situações indefinidas e não resolvidas, criando obstáculos e situações indesejadas, para a vítima, que passa a sofrer pressão psicológica, pelo desprezo e forma de tratamento com a pessoa humana.

Neste sentido, registre-se que a psicóloga francesa Marie-France Hirigoyen, autora de um estudo sobre o assunto, em sua conclusão diz que: “acredita que a punição ao assédio moral ajudaria a combater o problema, pois “imporia um limite ao indivíduo perverso”, assim como a Dra. Margarida Barreto, autora de tese em psicologia social pela PUC – SP, que constatou que a ação do chefe que humilha seus subalternos é mais prejudicial à saúde do que se imagina, pois a exposição do trabalhador a frequentes situações de humilhação pode causar-lhe doenças acentuadas, culminando inclusive com tentativas ou pensamentos suicidas, como, também, manifestações explosivas das emoções arquivadas, já que o assédio moral fere a dignidade e é percebido pelos que o sofrem como fracasso e incapacidade. Também se insere dentre os fatores que levam ao assédio moral a cultura competitiva atualmente difundida, onde todos procuram vencer a qualquer custo, obter vantagens profissionais ou pessoais, sem que se tenha qualquer preocupação com o estado emocional daqueles que não são competitivos ou que não estão em igualdade de condição. É imprescindível a adoção de limites legais e comportamentais que preservem a integridade física e mental dos indivíduos, sob pena de perpetuarmos essa “guerra invisível” nas relações de trabalho.

Ao final, destacamos que neste artigo conforme fonte infra, traz em sua redação que: “[…] A mesma autora clarifica que o assédio moral é “LEVAR A VÍTIMA AO ISOLAMENTO, MINANDO SUAS RELAÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS: a. Proibir os colegas de lhe falar; b. Comunicar com a vítima somente por escrito; c. Colocá-la em espaço físico separada dos demais colegas; d. Proibi-la de falar com os outros; e. Dirigir-se apenas aos outros, ignorando sua presença; f. Silenciar, reiteradamente, diante de solicitação ou indagação para a realização do trabalho ou pedido de informação de qualquer natureza.” […] (fonte: BRASÍLIA-DF.  CARTILHA DE ORIENTAÇÕES, NORMAS E PROCEDIMENTOS SOBRE ASSÉDIO MORAL. 2018.

(*) Ex-secretária municipal de Saúde, Coordenadora do Programa Municipal deDst/Aids e Hepatites Virais de Dourados, Coordenadora do Fórum dos Trabalhadores em Saúde (2015 a 2018), Presidente do Conselho Municipal de Saúdede Dourados (2013 a início de janeiro de 2019), Servidora pública e graduanda em Serviço Social

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