05/12/2012 16h03
Pai entrega à Polícia filha de 14 anos que guardava droga em casa
Na delegacia, onde pai nenhum gostaria de estar, o homem de 45 anos esperava para que a Polícia ouvisse o depoimento dele e da filha. Agonia que não gostaria de sentir nem em pesadelo.
Na noite desta terça-feira, ele encontrou no quarto da adolescente de 14 anos, uma mochila com quase 10 quilos de maconha. Foi por acaso. A desconfiança de que a menina vinha fumando já existia. Mas foi pelo celular que escorregou entre a cama e a parede, que o pai teve a certeza de que o envolvimento ia além do vício e chegava ao tráfico.
“Foi uma explosão. Você tem que sentar, pensar e conversar. Foi o que eu fiz. É muito pesado ter dentro da sua casa uma mochila com droga”, desabafava na delegacia.
Joenísio é carpinteiro e no semblante passava a impressão de uma pessoa tranquila até aquele momento. Os olhos deixavam transparecer o transtorno que vivia nesta manhã, entre a certeza de que entregar a filha à Polícia foi o certo e o sentimento de culpa.
Ele e a filha moram no bairro São Jorge da Lagoa. Depois de uma discussão entre ele e a namorada, Jeonísio foi dormir no quarto da filha. Quando ele foi pegar o celular que havia caído foi surpreendido de uma maneira nada agradável e a primeira atitude que teve foi a de chamar a ex-esposa à casa e contar o que havia encontrado.
“Se eu entregar para ele, estou arriscando. Já que é para arriscar, que seja tudo ou nada. Isso servirá como lição ou aprendizado”, dizia.
A adolescente, segundo o pai, não trabalha e nem estuda. O ‘ele’ a quem se refere acima é um amigo que passava as noites com a filha dele em casa. “O cara de 20 anos está usando ela. Eu falei para ele, você estava dentro da minha casa e eu confiando”, descreveu.
A droga foi encontrada por volta das 21h. “Mas eu fiquei pensando, pensando. Foram horas até chamar a Polícia”, diz o pai que estava com o coração dividido.
A filha disse à ele que havia guardado para o amigo. “Certeza que ela usava não tinha, mas desconfiava. São as más companhias e o dinheiro fácil”, tentava justificar.
Jeonísio ligou a noite toda para a filha. Foi no início do dia que ela apareceu de carona em casa, vindo de fuma festa. “Ele me ligou a noite toda, eu estava com meus amigos. Eu não liguei, quando cheguei em casa, perto do portão já vi um monte de Polícia”, descrevia a cena a adolescente.
Com lágrimas nos olhos, na Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância Juventude), ela chorava. Parte arrependimento, parte por não acreditar no que o pai fez.
Para a imprensa ela disse que guardou a droga por duas semanas a pedido do amigo. Ela nega que seja namorado. “Ele ligava e perguntava da droga e se meu pai estava em casa”. A justificativa que o amigo deu a ela para pedir que guardasse a maconha era de que se ele carregasse no carro e fosse parado pela Polícia, seria preso.
O caso foi registrado como tráfico de drogas e corrupção de menores. A adolescente presta depoimento na Deaij e outros dois jovens também foram detidos. Um deles, o que seria o dono da droga.
Para a Polícia Militar, o pai relatou que há alguns dias, a filha e o namorado haviam chegado em casa com uma bolsa camuflada, mas pela liberdade dada ao rapaz e a filha, o pai não desconfiou de nada.
Quando a adolescente chegou à casa, se deparou com a Polícia e acabou por confessar que a droga pertencia a um morador no bairro Vila Almeida Lima. Com o endereço em mãos, o primeiro suspeito de envolvimento indicou a casa do dono da droga.
No fim, todos foram encaminhados pela Polícia para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do bairro Piratininga.
“A lição que fica agora é para ela colher do jeito que achar melhor”, finalizou o pai que denunciou a própria filha à Polícia.
Por: CGNews
