Ilson Boca Venâncio –
Banca do Aroldo
O meu personagem de hoje já não está mais conosco nesse plano de vida, mais permanece na memória dos frequentadores da nossa feira livre.
Nós tínhamos um ponto comum que sempre era motivo de conversa, torcíamos pelo mesmo time, o Palmeiras, o que já nos aproximava.
Outros motivos era os queijos comercializados por ele, que eram sempre de primeira qualidade, e das compotas dos deliciosos doces da Dona Darci que aqui em casa sempre fizeram sucesso principalmente os de figo.
Aroldo é o seu nome, e também a denominação da sua banca na feira, uma das mais visitada por quem procurava esse tipo de produto.
Ele me contou que sua vinda para feira livre foi uma opção de trabalho, ou mais que isso, uma alternativa de vida. Fiz essa entrevista com ele em 2013 e já fazia dezoito anos que trabalhava na feira. Dizia que a feira era o seu comércio, e não trocava o trabalho da feira na rua por um comércio fechado.
Trabalhou 30 anos de empregado e lembrava do estresse sentido além de que a sua renda não chegava à nem um terço do que ganhou ali.
Dos trinta anos que trabalhou de empregado, dez deles foram dedicados ao comércio, mesmo assim, as pessoas entrava, perguntavam, pedia e iam embora!
Na feira a pessoa vem sempre para comprar uma coisa e acabam comprando várias, porque os produtos são fresquinhos e naturais, observou ele e esse é o grande diferencial tanto do feirante quanto da freguesia.
É fala comum entre todos os meus entrevistados, o fato da amizade criada entre feirantes e clientes e que todos se acostumam com esse convívio.
Ele fez uma fala interessante colocando que era feirante de rua, e dessa forma os seus clientes também são consumidores de rua.
Ele me diz que ao fazer feira em outras cidades, percebia também essa diferença, pois tanto em Itaporã como Caarapó, a mudança da feira saindo da rua para dentro de local fechado não prosperou.
No sábado, o movimento da feira começa de manhã e vai até às 22 horas, e no domingo, até às 13 horas. Na última estatística realizada por um jornal da cidade, constatou a circulação de 11.000 pessoas por final de semana, isso revela que naquele momento a feira era o maior mercado de venda da cidade.
Ele me contou que foi com o ganho na banca na feira que criou e educou seus três filhos.
O freguês da feira não vem atrás de produtos bonito e sim de produtos frescos e naturais, gosta de comprar na feira, gosta de ver a feira, caso contrário iria a um supermercado. Essa preferência faz com que a feira cresça como a cidade.
Uma das coisas que ele admirava na feira era a confiança entre o seu público, pois durante o tempo que trabalhou na feira nunca ninguém lhe roubou nada da sua banca.
Quando chegava a hora do fechamento, cobria a banca com um pano e ia dormir tranquilamente.
Na opinião dele, quem é da rua respeita quem é da rua.
Bem, para mim só me resta agradecer a esse saudoso amigo que mesmo ausente em vida, contribuiu para que eu escrevesse mais uma história da nossa feira livre!