Juliel Batista –
O Museu Dom Jaime Anibal Barreira, a antiga “Padaria Cuê”, sempre foi um símbolo histórico e cultural não só no município pantaneiro de Porto Murtinho, onde está localizado, mas também de Mato Grosso do Sul.
Contudo, de alguns anos para cá, moradores vêm denunciando o descaso com o patrimônio público, que atualmente se encontra abandonado pela Prefeitura, em ruínas, saqueado e depredado.
O Museu contava com um grande patrimônio histórico, com exposições da cultura indígena pantaneira, comunidade presente na cidade, acervos do cinema da época, produzido na região, além de imagens e documentos a 2ª Companhia de Fronteira do Exército Brasileiro, e da família fundadora do atual museu.
Contava ainda com mais de 2 mil itens que foram colecionados e doados por famílias pioneiras e moradores históricos da cidade. Porto Murtinho, situada no coração do Pantanal, é uma das principais cidades turísticas do Estado. Até o ano de 2020, de cerca de 40 mil pessoas visitavam museu, anualmente.
O casarão virou museu em 2004, mas antes era chamada de “Padaria Cuê”, fundada em 1928, um ambiente receptivo e frequentado por toda a população da cidade, mas que também abastecia os navios de carga e de passageiros que atravessavam o Rio Paraguai, com destino ao Oceano Atlântico.
Após decisão do Conselho Estadual de Políticas Culturais do Mato Grosso do Sul, o museu foi tombado devido a sua importância histórica para a cidade e para o Estado. Para os especialistas do Conselho, o local é:
“Uma construção com elementos de arquitetura industrial trazidas da Europa e América do Norte para o Brasil, com a fachada toda em tijolo cerâmico queimado aparente, decorrentes da Revolução Industrial e retomada no século XX”.
Toda essa esfera cultural presente no museu, vem sendo desmontada pela a atual gestão, segundo denuncias de moradores. O prefeito Nelson Cintra (PSDB) teria se esquecido ”da valorização histórica” que o local representa para a cidade. Em inúmeros relatos, o museu está simplesmente abandonado, como visto em imagens encaminhadas e vídeos, sendo hoje um ambiente frequentado por usuários de drogas, moradores em situação de rua, animais, e palco de prostituição.
O prefeito Nelson Cintra (PSDB) teria se esquecido ”da valorização histórica” que o local representa para a cidade
Para a população, valorizar o acervo histórico e cultural do museu é deixar viva a história da cidade, já que o local está intrinsecamente ligada com as famílias e pessoas que foram alicerce de Porto Murtinho.
A Folha de Dourados, pediu uma nota de explicação ao atual prefeito, sobre a situação do museu, mas até o momento não obteve resposta.
