O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), uma das aves mais carismáticas da fauna brasileira, enfrenta um grave problema: o tráfico de filhotes e a destruição de seu habitat.
De acordo com levantamento do Projeto Papagaio-verdadeiro, realizado pela Fundação Neutrópica do Brasil, em 30 anos, cerca de 12,5 mil filhotes da ave foram apreendidas em Mato Grosso do Sul.
Conforme a zootecnista doutora em Ecologia e Conservação, Gláucia Seixas, que coordena o projeto iniciado em 1997, o número de apreensões representa menos de 10% dos filhotes capturados ilegalmente.
”O tráfico, que envolve práticas cruéis como o saque de ninhos e a destruição de árvores, coloca em risco a sobrevivência da espécie”, alerta a pesquisadora.
Outro fator que vem sendo motivo de preocupação é a expansão da agricultura e pecuária, que segundo Gláucia, tem eliminado as árvores que servem de ninhos naturais para o papagaio-verdadeiro.
Embora a espécie não conste como ameaçada de extinção na Lista Oficial de Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção, a pesquisadora explica que o papagaio-verdadeiro é considerado como “quase ameaçado de extinção”.
“Isto quer dizer que, se nada for feito para mudar o cenário de tráfico de ovos e filhotes e a perda de seu habitat (incluindo os ninhos naturais), ele pode entrar para estas listas de ameaçados de extinção”.
‘Adote um ninho’
Para contribuir com a conservação da espécie, o projeto Papagaio-verdadeiro desenvolve desde 2019 o “Programa de Ninhos Artificiais para os Verdadeiros”. De acordo com Gláucia, o objetivo é suprir a carência de locais seguros para a reprodução dos papagaios.
Ainda segundo a pesquisadora, os papagaios ocupam os ninhos artificiais em menos de 24 horas após sua instalação. A iniciativa também beneficia outras 14 espécies de aves que utilizam os ninhos.
“No período, 450 ninhos artificiais foram confeccionados e 350 instalados em áreas seguras de Mato Grosso do Sul. A meta para 2025 é confeccionar mais 200 ninhos”.
Para arcar com os custos da confecção, o programa desenvolve a campanha “Adote um Ninho e seja Amigo(a) do Louro”, que permite a contribuição de qualquer pessoa para a causa.
“Com uma doação, é possível ajudar na fabricação, instalação e monitoramento dos ninhos. Os padrinhos e madrinhas recebem informações e imagens dos ninhos adotados, além de um certificado digital e o direito de batizar o ninho”, explica Gláucia Seixas.
O projeto aceita doações e divulga ações e informações em suas redes sociais (acesse aqui). Além de participar da campanha de adoção, a equipe do projeto incentiva a população:
- Não comprar papagaios nascidos em vida livre, combatendo o tráfico;
- Denunciar o tráfico de animais às autoridades locais;
- Plantar e proteger árvores, fundamentais para a biodiversidade;
- Promover a conscientização sobre a importância de preservar os papagaios na natureza.
“È importante que os filhotes não saiam dos seus ninhos e permaneçam com seus pais, como sempre deve ser. Para isto é fundamental que as pessoas se conscientizem que, ao comprar um papagaio ou qualquer outro animal nascido em vida livre está financiando o tráfico de animais silvestres, contribuindo para extinção das espécies e, cometendo crime ambiental”, reforça Gláucia.
(Com informações g1)