Entenda o que é o turismo regenerativo
Você já ouviu falar em turismo regenerativo? Este não é um conceito tão novo no ecoturismo, mas, desde que os incêndios florestais passaram a devastar centenas de hectares de vegetação em todo o país, o termo tem ganhado mais notoriedade e espaço nas empresas de turismo.
Não diferente, em Mato Grosso do Sul muitas empresas, tanto de hotelaria quanto de preservação ambiental, principalmente da região pantaneira, têm investido nesta iniciativa. O principal objetivo é integrar o turista ativamente nas atividades de regeneração da fauna e flora dos locais afetados pelo fogo, fazendo dele uma figurada participativa em um processo fundamental de recuperação da natureza.
Conforme Bruno Wendling, diretor presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, essa iniciativa é importante para diferentes âmbitos que envolvem o turismo, visto que os visitantes se relacionam com a comunidade local, colaboram com o resgate cultural daquela região e de quebra, minimizam o impacto que eles mesmos provocariam naquele ambiente.
“Temos diversos exemplos de turistas que viajam e auxiliam na plantação de mudas, colaboram na suplementação alimentar dos animais, minimizam a geração de lixo e ainda trabalham com outras formas de apoio a projetos de conservação”, afirma.
Turismo consciente
O especialista em ecoturismo explica ainda que diversos projetos já desempenham esse tipo de ecoturismo no Estado há anos. O Onçafari, o Projeto Anta e o Projeto Arara Azul são alguns dos exemplos que já temos efetivo em Mato Grosso do Sul. Este último, inclusive, ocorre há 30 anos e já colaborou na preservação da espécie que atualmente é um dos principais atrativos do turismo do Estado.
“O turismo regenerativo é uma proposta que as propriedades estão focando em trazer agora, visando turistas cada vez mais conscientes. A gente quer apoiar cada vez mais isso! Vamos desenvolver uma estratégia nesse sentido também de apoiar a produção de novos roteiros de turismo regenerativo, para que as pessoas possam acompanhar o ciclo das queimadas do Pantanal e o ciclo do Pantanal, como as cheias e as vazantes, por exemplo”, explica.
Conforme Bruno, essa ampliação do ecoturismo permitirá que os turistas entendam o bioma cada vez mais e sejam responsáveis por suas atitudes que impactam o meio ambiente.
Turismo regenerativo e sustentável
Existem algumas definições do turismo, como o convencional, sustentável e regenerativo. O primeiro, é o modelo mais tradicional, que já estamos habituados ao pensar em uma viagem. Neste caso, nem sempre a motivação está associada a interesses específicos, como cultura, esporte ou recurso natural.
Já o turismo regenerativo e sustentável tem relação entre si, um de modo mais intensivo que o outro. Conforme Bruno, o turismo sustentável é aquilo que a gente almeja para todos os destinos, ou seja, um turismo que seja justo, que inclua comunidades, que pensa em conservação e que desenvolva também economicamente o destino.
Já o turismo regenerativo auxilia um destino a ser mais sustentável, porque trabalha a recuperação de espécie, das áreas afetadas, a conscientização ambiental e a inclusão da comunidade.
“Uma tem relação com a outra. É um mix de esforços, de ações que vem no sentido de conservar, de manter a cultura local, de dar inclusão para a comunidade. De entregar experiências únicas e incríveis, de trabalhar a conscientização do turista”, pontua.
Visitantes na preservação efetiva do ambiente
A Casa Caiman, uma das mais tradicionais empresas de hotelaria da região pantaneira, é uma das muitas que estão aderindo ao turismo regenerativo. A decisão veio após 80% do território da propriedade serem queimados pelos incêndios florestais
Agora, além do turista conferir a fauna e flora do Pantanal de perto, também conhecerá os abrigos construídos em área aberta, próximos às fontes de água. Estes espaços permitirão que diversas espécies encontrem refúgio seguro em situações de queimadas.
Outra atividade que os visitantes poderão participar é a dispersão de sementes de árvores nativas, como manduvi, piúva e ximbuva, além de aprender sobre a importância de cada uma delas para o ecossistema. Em uma das técnicas, bombas de sementes são usadas e podem ser montadas pelos próprios hóspedes.
Os visitantes também poderão contribuir para a alimentação suplementar da fauna em um roteiro criado em parceria com o projeto Onçafari. Uma equipe de veterinários e especialistas desenvolveu um programa de alimentação para ajudar os animais enquanto algumas fontes de nutrientes estão prejudicadas. (Midiamax)